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Encontrada morta numa banheira em Beverly Hills, com as veias apinhadas de cocaína e medicamentos, Whitney Houston (1963-2012) teria usado o vício em entorpecentes para aplacar traumas de abuso sexual sofrido na infância. E quem a teria molestado é a também cantora Dee Dee Warwick, sua tia.
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Até então desconhecidos, esses fatos são destrinchados no documentário "Whitney", de Kevin Macdonald, que fez sua estreia no Festival de Cannes, nesta quinta (17). Por meio de entrevistas com figuras próximas, o diretor sustenta a tese de que Whitney nunca superou ter sido abusada e por isso se drogava. O filme também traz o nome de Dee Dee à baila, uma novidade.
As revelações vêm só ao final de uma obra que pretende explorar a intimidade da americana tida pelo
Guiness como a artista mulher mais premiada da história. Ela morreu aos 48 anos, em 2012 depois de ter vivido seu auge entre os anos 1980 e 1990.
Abrindo com imagens que compõem um mosaico kitsch da década em que ela estourou, o filme também aborda a dureza de sua infância em Newark, cidade nos arredores de Nova York, que viveu uma explosão de violência dos anos 1960.
"A filha do gueto", como ela mesmo se descrevia, saiu do coro da igreja e tornou-se popstar com sua voz de alcance impressionante e sob ressalvas de parte da comunidade negra, que a via como uma cantora desconectada das raízes soul.
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Era um "tornado", uma "monção", descrevem aqueles que trabalharam com ela -produtores, donos de gravadora, colegas. Até Kevin Costner é entrevistado para falar do sucesso de "O Guarda-Costas" (1992) e de como o filme a fez virar uma "cantora de sucesso planetário".
Na África do Sul, junto de Mandela, é Whitney a primeira cantora de primeiro time a ser convidada a se apresentar no país após o fim do apartheid. No Super Bowl de 1991, ela deixa americanos boquiabertos cantando o hino num tempo diferente. Até Saddam Hussein usou a sua famosíssima "I Will Always Love You" numa versão em árabe como música de campanha.
Macdonald também entrevista a família: o marido-problema Bobby Brown, músico ressentido do sucesso da mulher; a mãe disciplinadora; os dois irmãos cúmplices do vício ("a cocaína chegava em malas", dizem).
Uma das entrevistadas sugere que Whitney tinha interesse sexual por outras mulheres, mas que nunca soube lidar com isso e casou com um homem até por nunca se entender. A poucos confidentes, a cantora teria dito que foi vítima de abuso sexual, mas ficado em silêncio.
"Vítima de quem?", pergunta o diretor. O nome vem à tona nas respostas de dois entrevistados. "É Dee Dee Warwick". Tia-prima de Whitney e irmã de Dionne, a também cantora morreu em 2008.
Com informações da Folhapress.