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O ex-presidente da Corte Interamericana de Direitos Humanos Roberto Caldas apresentou nesta sexta-feira (18) atestado médico de dez dias e conseguiu adiar seu depoimento na Delegacia Especial de Atendimento à Mulher de Brasília.
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Nem a polícia nem a assessoria de Caldas divulgaram o teor do atestado.
O ex-juiz da corte é suspeito de ter agredido a ex-mulher Michella Marys Santana Pereira e de ter ter cometido assédio sexual contra duas funcionárias domésticas.
A delegada Sandra Gomes Melo, que preside o inquérito, afirmou que vai remarcar o depoimento. Após a conclusão do trabalho da polícia, que pode ou não indiciar Caldas, o caso segue para análise do Ministério Público, a quem cabe decidir se haverá denúncia criminal à Justiça.
"Sou estudiosa do assunto e digo que o atual caso é um segundo marco. A lei Maria da Penha mostrou toda a cara dessa violência, tirou essa violência do abrigo das quatro paredes e mostrou que ela existe. Agora, 12 anos depois, nos deparamos com um caso como esse", afirmou a delegada.
Ela se refere ao fato de Caldas ter integrado instituição com atuação mundial de combate à violência contra a mulher e que foi responsável por recomendar ao Brasil, entre outras coisas, a aprovação da Lei Maria da Penha.
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O advogado de Michella, Pedro Calmon, afirmou já ter reunido pelo menos seis testemunhas das supostas agressões físicas e verbais cometidas por Roberto Caldas.
Em entrevista à Folha de S.Paulo, o ex-juiz negou agressões físicas para além de "empurrões", reconheceu xingamentos e duas relações extraconjugais com ex-funcionárias, mas afirmou que a ex-mulher preparou armadilhas para incriminá-lo.
Michella procurou nas últimas semanas a polícia relatando agressões físicas e verbais contínuas. Em áudios de discussões gravados por ela, Caldas a chama de "cachorra" e "vagabunda", entre outros termos. Há ainda barulhos nos áudios que sugerem ter havido agressões.
Em 2012, Caldas foi eleito para compor a corte sediada em San José, na Costa Rica. O advogado também integrou a Comissão de Ética Pública da Presidência da República de 2006 a 2012. Após o escândalo vir à tona, ele renunciou ao mandato e se afastou do escritório trabalhista em que atuava. Com informações da Folhapress.