© REUTERS / Adriano Machado (Foto de arquivo) 
O presidente Michel Temer disse a dirigentes do MDB que anunciará nesta terça-feira, 22, apoio à pré-candidatura do ex-ministro da Fazenda Henrique Meirelles ao Palácio do Planalto. A ideia é que Temer aproveite uma reunião do partido, na qual será lançado o documento "Encontro com o Futuro", para deixar clara a desistência de concorrer a novo mandato e fazer um aceno público na direção de Meirelles.
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A disputa pela Presidência escancarou, nos últimos dias, a guerra interna no MDB. Desde a semana passada, senadores e deputados pressionam Temer a dizer com todas as letras que não será candidato. A avaliação é a de que a impopularidade do presidente está atrapalhando cada vez mais as campanhas nos Estados.
"O MDB entende que Meirelles pode preencher essa necessidade de uma candidatura de centro", afirmou o presidente do MDB, senador Romero Jucá (RR). "Quem tem dois candidatos não tem nenhum", completou ele. Líder do governo no Senado, Jucá procurou amenizar as divergências no partido. "Com Meirelles, estamos juntando a figura de um outsider no mundo político à experiência de quem já mostrou resultados inequívocos no comando da economia."
A decisão de lançar o ex-titular da Fazenda ao Planalto, no entanto, provocou muita polêmica no MDB e no Planalto. Idealizador da carta-compromisso batizada de "Encontro com o Futuro" - contendo diretrizes para um programa de governo -, o ministro de Minas e Energia, Moreira Franco, foi um dos que aconselharam Temer a não retirar agora sua pré-candidatura.
Na tentativa de contornar o impasse, o ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun, chegou a defender, nos bastidores, que Temer coordenasse a campanha de Meirelles, ex-PSD e cristão novo no MDB.
Foi o que bastou para a líder do MDB no Senado, Simone Tebet (MS), protestar. Tebet chegou a telefonar nesta segunda-feira para Jucá. Reclamou e disse que a proposta de Marun seria um "suicídio". Na prática, emedebistas querem Temer longe do palanque, com medo de que sua presença contamine a disputa e prejudique os nomes da legenda. "Não existe a possibilidade de o presidente ser coordenador de campanha", argumentou Jucá, tranquilizando a senadora.
Cartilha
Preparado pela Fundação Ulysses Guimarães, dirigida por Moreira Franco, o "Encontro com o Futuro" faz uma defesa enfática do governo Temer e prega uma reforma do serviço público, sem detalhar medidas.
Com 48 páginas, a cartilha diz que a opção para os eleitores, neste ano, será "continuar políticas que deram certo, e que estão impulsionando a recuperação da economia, ou voltar às que causaram recessão, desemprego, inflação e aumento da pobreza". O documento vem na esteira de "Uma ponte para o futuro", texto lançado pelo então PMDB ainda no governo da petista Dilma Rousseff.
Em março, Temer afirmou à revista IstoÉ que "seria uma covardia" não entrar no páreo. "Eu preciso mostrar o que está sendo feito. Se eu não tiver uma tribuna, o que vai acontecer é que os candidatos sairão e vão me bater", admitiu ele, na ocasião. No início deste mês, porém, o presidente indicou que recuaria. "Posso não ir para a reeleição (...). Vejo que no chamado centro tem seis, sete, oito candidaturas, o que não é útil", disse Temer à NBR. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.