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O grupo Odebrecht e os bancos credores correm contra o tempo para fechar um acordo para um novo empréstimo até sexta-feira (25), quando a construtora será oficialmente declarada inadimplente se não pagar uma dívida de R$ 500 milhões vencida em abril.
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O acordo ainda não está assinado. O montante a ser emprestado está fechado -R$ 2,6 bilhões, em duas parcelas de R$ 1,7 bilhão e R$ 900 milhões- mas ainda há pontos importantes pendentes.
Um dos principais é conseguir formalizar as garantias, que serão ações da petroquímica Braskem, até sexta-feira (25). É preciso obter uma série de avais e registros, inclusive na Comissão de Valores Mobiliários (CVM). São questões técnicas, mas o dinheiro não sai caso não sejam resolvidas.
O novo empréstimo é vital para garantir a sobrevivência do grupo Odebrecht, que enfrenta uma grave crise desde que a Operação Lava Jato revelou seu esquema de pagamento de propina a políticos para obter obras públicas em vários países da América Latina.
A ordem de preferências nas garantias gerou muita polêmica nas negociações. Bradesco e Itaú, que concordaram em emprestar mais dinheiro à companhia, querem ser os primeiros da fila na eventualidade de um calote.
O Banco do Brasil, no entanto, resiste a abrir mão desse direito, que já havia conseguido em um empréstimo anterior. Uma solução possível é manter a preferência do BB parcialmente, em uma das parcelas, mas ainda falta o aval final sobre o assunto.
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Outra dúvida é sobre o formato do empréstimo. A proposta da Odebrecht é fazer uma emissão de debentures (títulos de dívida), que seriam adquiridas por Bradesco e Itaú, mas até a meia noite desta segunda-feira (22), quando os negociadores interromperam as conversas, os bancos ainda não haviam dado o aval final.
Boa parte dos bancos envolvidos nas discussões, que inclui também BNDES e Santander, tem reunião marcada para esta terça-feira (22) para aprovar o empréstimo em seus comitês de crédito. Segundo pessoas que acompanham o tema de perto, é provável que o financiamento saia, mas só será possível ter uma visão mais clara sobre o assunto no fim do dia.
Por conta do escândalo, a construtora vem tendo dificuldades em conseguir novas obras, o que comprometeu o seu fluxo de caixa e dificultou o pagamento de suas dívidas. A empresa só conseguiu seu primeiro novo contrato de licitação pós Lava Jato - a modernização de uma usina termelétrica de Furnas - em março deste ano.
O grupo Odebrecht precisa pagar R$ 4 bilhões em dívidas nos próximos 12 meses: R$ 1,5 bilhão de financiamentos relacionados a obras no Peru, R$ 1,5 bilhão de débitos da OTP, o braço de concessões do grupo, e o restante na construtora - os R$ 500 milhões já vencidos e juros que precisam ser pagos até o fim do ano.
Procurada, a Odebrecht informou que o acordo ainda não está assinado e que segue dialogando com os bancos. Com informações da Folhapress.