Papa Francisco receberá mais chilenos vítimas de pedofilia

Escândalo no Chile gira em torno do padre Fernando Karadima

© REUTERS/Tony Gentile

Mundo Vaticano 22/05/18 POR Ansa

O papa Francisco receberá um segundo grupo de vítimas do padre chileno Fernando Karadima, já condenado por pedofilia, anunciou o Vaticano hoje (22).

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De acordo com a Santa Sé, o encontro acontecerá entre 1º e 3 de junho e contará com a presença de cinco sacerdotes "vítimas de abuso de poder, consciência e abuso sexual", além de dois padres, que os ajudaram durante o processo legal e espiritual, e dois fiéis.

+ Arcebispo de Santiago pede perdão por abusos no Chile

Todos os convidados, que serão hospedados na Casa Santa Marta, participaram das reuniões realizada pelo arcebispo de Malta, Charles Scicluna, em fevereiro passado.

"Com este novo encontro, o papa Francisco quer mostrar sua proximidade com os sacerdotes abusados, acompanhá-los em sua dor e escutar suas preciosas opiniões para melhorar as atuais medidas preventivas e combater os abusos na Igreja", diz o comunicado.

Esta rodada de reuniões concluirá a primeira fase do reconhecimento pessoal do Papa sobre o grande escândalo de pedofilia que afetou a Igreja chilena, mas "não descarta que tais iniciativas possam se repetir no futuro".

As reuniões do primeiro fim de semana de junho serão realizadas em grupos e individualmente. Na manhã de sábado (2), o líder da Igreja Católica celebrará uma missa particular para as vítimas.

"O Santo Padre continua a pedir aos fiéis do Chile, e em particular aos fiéis das paróquias onde estes sacerdotes realizam o seu ministério pastoral, para acompanhá-los nestes dias com a oração", finaliza o Papa.

O anúncio acontece depois que Jorge Mario Bergoglio recebeu no final de abril outras três vítimas chilenas de Karadima - José Andrés Murillo, James Hamilton e Juan Carlos Cruz. Na última semana, 34 bispos chilenos entregaram seu pedido de renúncia diante dos escândalos de abusos sexuais.

Entenda o caso

O escândalo de pedofilia no Chile gira em torno do padre Fernando Karadima, 87 anos, condenado pelo próprio Vaticano por violência sexual contra menores. No entanto, as vítimas também acusam o bispo de Osorno, Juan Barros, 61, de ter acobertado os casos.

Em sua visita ao Chile, em janeiro, o Papa chegou a dizer que as denúncias contra Barros eram "calúnias", o que provocou a ira das vítimas e críticas até do cardeal Sean O'Malley, líder da comissão antipedofilia criada pelo Pontífice.

Já na viagem de volta a Roma, Francisco pediu desculpas por ter contestado os relatos das vítimas, e, pouco depois, enviou Scicluna para aprofundar as investigações no país latino.

O relatório produzido por ele tem 2,3 mil páginas e depoimentos de 64 vítimas e parentes de pessoas afetadas por casos de abuso.

Após ler o documento, que cita outros episódios de acobertamento, o Papa admitiu que cometera "erros de avaliação" sobre o escândalo e convidou os sobreviventes - como eles próprios se autodenominam - para o Vaticano. (ANSA)

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