© Leo Franco/AgNews
Vencedora do concurso de 2017, a modelo Monalysa Alcântara, 19, representava o estado do Piauí quando foi eleita a Miss Brasil Be Emotion. Ela foi a terceira miss negra em 63 anos de competição, que escolhe neste sábado (26) a nova representante brasileira para o Miss Universo. O evento será transmitido ao vivo pela Band, às 22h.
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Embora se orgulhe de representar a mulher brasileira, ela diz que não se sente feliz com esse dado, que reflete o preconceito da sociedade com a mulher negra. Para ela, a discriminação pode ser percebida também nas passarelas e nas campanhas de moda. "Temos que provar mil vezes mais coisas que a mulher branca porque as oportunidades são mínimas para as negras e sempre estamos alguns passos atrás."
A realidade não foi diferente para Monalysa, que relata ter tido dificuldade para entrar no mundo dos concursos. "É muito fácil você falar que as pessoas negras precisam estudar mais quando as oportunidades não se abrem, apesar de você ser boa e ter competência.
No Miss Universo 2017, a brasileira ficou entre as dez semifinalistas, mas não conquistou o título. Na ocasião, ela desfilou com um vestido exclusivo criado pelo estilista Lucas Anderi.
E foi justamente sua vivência pessoal que a incentivou a levantar essas bandeiras. Nesse um ano como miss, ela diz ter se esforçado para encorajar mulheres negras a seguirem seus sonhos. Nas redes sociais, ela relembra suas origens em publicações, incentiva mulheres a assumirem seus cabelos naturais e divulga campanhas sociais.
Embora não tenha sido fácil lidar com o preconceito, Monalysa diz que a maior dificuldade foi viver longe da família. "O mais difícil foi preparar meu psicológico. Apesar de sempre ter sido um sonho sair de casa, aquela foi a primeira vez que andei de avião."
As críticas no começo da carreira também foram um obstáculo. "Não estar perto das pessoas cujas opiniões realmente importam é muito difícil. Foi uma fase que aproveitei para crescer e aprender muito."Entre muitas viagens, Monalysa passou a viver em São Paulo, metrópole muito diferente de sua cidade natal, Teresina. O ritmo acelerado e a falta de contato humano, de proximidade e gentileza, a assustou no começo.
A mudança, no entanto, trouxe muitas oportunidades boas, dentre elas a de fazer uma faculdade e se dedicar a carreira de atriz, um sonho de infância. "Agora, como miss, tenho a oportunidade de estudar, o que nunca tive no Piauí."
A intenção é se investir em uma carreira na televisão e aproveitar a visibilidade que o título lhe deu. Enquanto isso, continua como modelo, outra grande paixão. "Desfilar é uma terapia, sou uma atriz nas passarelas, eu viro outra pessoa." Com informações da Folhapress.