© REUTERS / Paulo Whitaker
Em novo dia de queda dos papéis da Petrobras na Bolsa de Nova York, com baixa de 1,33% nesta sexta-feira (25), investidores estrangeiros também reagiram de forma negativa às repercussões do corte nos preços do diesel pela empresa.
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A companhia já perdeu R$ 47 bilhões em valor de mercado nesta semana.
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Os bancos Merrill Lynch e Credit Suisse rebaixaram as suas notas da estatal para neutro. Já o UBS fez um alerta, refletindo o receio de que a estratégia adotada agora pela empresa para conter os problemas causados pela greve dos caminhoneiros possa abrir as portas à intervenção do governo na política de preços, sinalizando um retrocesso.
"A grande lição disso é que a Petrobras está muito vulnerável", afirmou à reportagem Christopher Garman, diretor da consultoria de risco Eurasia. "Vai ser difícil convencer o investidor de que a nova política de reajuste de preços será levada a ferro e fogo."
Na visão dos investidores, a estatal parece correr o risco de voltar à situação que viveu entre 2010 e 2014, quando o governo interferiu nos preços para aplacar as pressões inflacionárias.
Enquanto o Morgan Stanley vê os acontecimentos desta semana como fatores que podem "erodir a confiança dos investidores", o UBS foi mais específico ao dizer que a decisão de Pedro Parente, presidente da estatal, ameaça os planos de desinvestimento da petroleira, que procura compradores para suas refinarias.
Esses investimentos dependem de preços competitivos do combustível no mercado interno.
O último relatório do grupo suíço diz que a Petrobras pode ficar com baixas reservas de dólar e reduzir o interesse por seus ativos, além de aumentar a percepção de risco para investidores no longo prazo.Os prejuízos se estendem à imagem e à confiança no Brasil.
"Infelizmente, esse episódio confirma a incapacidade do governo, em quase todas as instâncias, de fazer o básico para governar o país", diz Joel Velasco, sócio da consultoria Albright Stonebridge Group, em Washington. "É um país cheio de incertezas."
Na avaliação de Garman, os temores antes projetados para 2019, após as eleições, se anteciparam.
"É um governo muito vulnerável, que entrou em pânico", afirma. "Isso incentiva outros grupos a se mobilizarem também, e a probabilidade de mais greves ainda neste ano aumentou."
O resultado é que os investidores abandonaram a complacência que vinham tendo até agora com o Brasil, em função da gradual recuperação econômica e da possibilidade de mudança com as eleições, e passaram a adotar uma dose a mais de cautela, de acordo com os analistas. Com informações da Folhapress.