© Reuters / Ueslei Marcelino
O relógio marcava 10h nesta sexta-feira (25) quando a última gota de gasolina comum e etanol foi vendida em um posto de combustíveis na capital paulista.
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Mas o pior ainda está por vir. Nas contas do Sincopetro (entidade que representa os postos no estado), o que ainda resta nas bombas é uma pouquíssima quantidade de gasolina aditivada -mais cara e com propriedades para limpar o motor-, que renderá novos abastecimentos aos motoristas só até o final da noite desta sexta.
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O paulistano vai acordar neste sábado (26) sem saber se terá o seu direito de ir e vir garantido. A cidade já está em situação de emergência justamente por causa do desabastecimento.
A paralisia na mobilidade é um reflexo direto dos protestos promovidos pelos caminhoneiros em todo o país há cinco dias ininterruptos. Eles cobram um preço justo para o diesel que utilizam no transporte da produção de um canto a outro do país. As negociações com Michel Temer (MDB) ainda não avançaram.
Para chegar ao cálculo catastrófico de combustível disponível na maior cidade do país, o Sincopetro se amparou no hábito comum entre os empresários do ramo: quem guarda tem.
Segundo José Alberto Paiva Gouveia, que dirige o sindicato no estado há 16 anos, os postos receberam um último reabastecimento na segunda (21), quando os caminhoneiros já faziam bloqueios por diversos pontos do país.
"Todo posto trabalha com estoque para atender até três dias. Essa reserva não recebe combustível novo há quatro dias. É por isso que estimamos que 99% dos postos da capital não têm mais o que oferecer à população", diz Gouveia.
Secos, os estabelecimentos foram suspendendo suas atividades um a um. As bombas por onde jorravam diesel, etanol e diversos tipos de gasolina foram envelopadas com saco plástico preto e os pátios cercados com cordas.
Ainda não se sabe a quantidade de postos que interromperam as atividades porque muitos mantiveram funcionando suas lojas de conveniência.
O sindicato também calcula os impactos causados pela paralisação. Mas pelo tamanho da cadeia, o buraco será grande. A região metropolitana de São Paulo possui 2.000 postos de combustíveis em funcionamento que empregam, em média, 14 pessoas em cada unidade.
"Os custos operacionais são grandes. Tem empresário que também paga aluguel, além dos funcionários. Quem vai pagar a conta desses dias com as portas fechadas", questiona o presidente do Sincopetro.
Em meio ao caos, a gestão Bruno Covas (PSDB) conseguiu um fôlego para manter os serviços essenciais em pé. Sob escolta policial, a prefeitura comprou 240 mil litros de óleo diesel em uma distribuidora da zona sul para abastecer ambulâncias, serviço funerário e carros da Guarda Civil Metropolitana.
"É óbvio que a paralisação está prejudicando o consumidor e o país. Apesar disso, eles têm direito a parar e isso é indiscutível", afirmou Gouveia.Com informações da Folhapress.