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Em uma semana, o preço do quilo da batata na Ceagesp (Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo) passou de R$ 1,61 para R$ 17,50. O normalmente movimentado corredor das batatas estava quase vazio por volta das 14h desta sexta (25).
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"Costumava vender 200 sacos por dia, hoje vendi 30", disse o vendedor Ademar Moraes.
Os preços de legumes e das frutas foram os mais afetados pela greve dos caminhoneiros no maior entreposto atacadista de alimentos da América Latina. A sexta-feira foi de poucas vendas abertas, escassez de produtos e muita incerteza sobre o reabastecimento das mercadorias.
A Ceagesp parou de divulgar a cotação oficial dos produtos na quinta (24), esperando a normalização do comércio.
A reportagem apurou os preços diretamente com os comerciantes presentes no local.
Embora a média entre os vendedores tenha sido de R$ 17,50 para o quilo de batata, um deles, que preferiu não se identificar, disse que estava pedindo R$ 500 pela caixa, o equivalente a R$ 25 por quilo.
Comerciante de batatas e cebolas, Marcos Reis afirmou que a falta de mercadorias está afastando os clientes da Ceagesp. "Nem o pessoal da feira vem mais", lamentou.
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Além de enfrentarem dificuldades para vender seus estoques por preços maiores, os comerciantes também temem que faltem mercadorias na próxima semana.
"Se continuar assim, na segunda-feira eu não tenho mais nada para oferecer para os meus clientes", contou Reis.
A chegada e partida com mãos vazias de feirantes e outros compradores foi cena recorrente no entreposto.
Sidinei Tavares dos Santos, um dos principais vendedores de legumes da Ceagesp, diz que seu estoque deve durar até a segunda-feira (28).
"Os clientes me ligam e eu falo que nem adianta vir para cá, porque é uma viagem perdida. Falo o que eu tenho e o que não tenho, paciência", comentou o comerciante.
Em seu espaço na Ceagesp, a caixa com 20 kg de tomates custava entre R$ 70 e R$ 80.
Quando um comprador ouviu o preço e se afastou, Santos tentou convencê-lo. "Faço por R$ 65", ele disse, sem sucesso.
A cenoura também está em falta, e o seu preço saltou de R$ 1,74 para R$ 4,50.
Outro alimento que subiu significativamente de custo foi a vagem, de R$ 2,30 para R$ 6."O que não está faltando, como beterraba e pimentão, estamos vendendo no preço normal. Mas quando não tem mais, não tem jeito de segurar o valor", afirmou Santos.O preço das frutas também teve alta significativa, principalmente as vindas de outros estados e países.Esses produtos estão parados em caminhões que não conseguem chegar à Ceagesp ou foram descartados pelos nas estradas, por terem estragado durante o bloqueio.O quilo da laranja saltou de R$ 1,69 para R$ 4 em uma semana. A uva nacional quase triplicou de preço, de R$ 4,51 para R$ 12.Comerciantes também relataram a falta de mamões papaia e formosa, de abacaxi, de maracujá, de manga, de melancia, de melão e de limão.Mesmo encarando prejuízos por causa de mercadorias descartadas, os comerciantes não criticaram o movimento dos caminhoneiros."Entendemos que algo assim prejudica todo mundo, mas os caminhoneiros estão certos. Não tem como a gente produzir combustível, cobrar caro aqui e vender barato para o exterior. O governo precisa ter bom senso", disse Santos.