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A greve organizada pelos caminhoneiros começou nas redes sociais e em grupos de WhatsApp e chegou às ruas do Brasil no dia 21 de maio. Oito dias após a paralisação, foram visíveis os impactos em todo o país. No entanto, muitas questões ficaram no ar. O UOL reuniu algumas explicações sobre as manifestações. Confira:
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Líderes do movimento
A proposta de greve foi motivada pela insatisfação dos motoristas com a escalada dos preços do diesel. Porém, a categoria dos autônomos é difusa e não existe uma organização que possa ser apontada como líder única da paralisação. As entidades envolvidas na greve foram: CNTA (Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos), que congrega a maioria dos sindicatos de motoristas autônomos, Abcam (Associação Brasileira de Caminhoneiros) e Unicam (União Nacional dos Caminhoneiros do Brasil).
Como a manifestação não tinha uma única liderança à frente, as negociações com o governo foram mais complexas, pois muitos autônomos afirmam não ser representados por ninguém.
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Greve de patrão?
Especialistas avaliaram que a greve seria, na verdade, um locaute. Ou seja: prática de empresários de um setor de contribuir, incentivar ou orientar greve de trabalhadores para atender interesses dos patrões, e é proibida pela legislação brasileira.
As manifestações se alastraram com rapidez pelo país e tiveram a presença da CNT (Confederação Nacional do Transporte), entidade que representa as transportadoras. A CNT participou de reuniões com caminhoneiros e ministros, além disso, houve apoio de associações patronais ao movimento.
O governo federal encampou essa suspeita e a Polícia Federal abriu 37 inquéritos em 25 estados para investigar o caso.
O Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) vai abrir um procedimento preliminar para investigar se houve atuação das transportadoras.
A CNT afirmou que não participa, não incentiva nem apoia a paralisação de caminhoneiros, e que não tem conhecimento de empresas envolvidas no movimento.
Participações
As paralisações contaram com a participação de caminhoneiros autônomos, responsáveis por do transporte de cargas pelas rodovias brasileiras, e também caminhoneiros empregados em transportadoras, o que levantou a suspeita de incentivo das empresas ao movimento.
Outras categorias manifestaram apoio, como motoristas de vans escolares e motoboys, assim como entidades empresariais não diretamente ligadas aos caminhoneiros, como a Aprosoja (Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso).
Acordo final
O UOL destaca que a última versão do acordo proposto pelo governo vai muito além do preço do diesel. Os caminhoneiros conseguiram que o governo oferecesse, além da redução dos combustíveis, medidas que eles vinham reivindicando há anos, como o estabelecimento de um valor mínimo para o frete.
O governo anunciou que vai cortar preço em R$ 0,46 por litro de diesel nas refinarias. A medida terá um impacto de R$ 9,5 bilhões no Orçamento:
- Corte de 10% no preço do diesel da Petrobras nas refinarias por 60 dias, subsidiado pelo governo;
- Corte de impostos sobre o diesel.
- Reajustes da Petrobras não possam mais ser feitos diariamente, e sim a cada 30 dias.
Além de mexer nos preços do diesel, os autônomos conseguiram:
- Isenção de pedágio pelo eixo suspenso de caminhões (quando o veículo roda vazio) em rodovias municipais, estaduais e federais;
- Reserva de 30% do frete da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) para caminhoneiros autônomos;
- Criação de uma tabela com preço mínimo para o valor do frete;
- Negociar para que a Petrobras passe a permitir a contratação de autônomos no transporte de cargas;
- Cumprir regras da ANTT sobre a renovação de frotas na contratação de transporte de carga;
- Não voltar a cobrar imposto sobre a folha de pagamento de empresas do setor de transporte de carga;
Negociar para que os estados deixem de cobrar, nas rodovias estaduais, pedágio sobre eixo suspenso em caminhões vazios; se necessário, a União acionará a Justiça.
Preço do diesel
O aumento no preço do diesel é reflexo de fatores internos e externos. A nova política de preços da Petrobras é um dos fatores internos. Desde julho do ano passado, a estatal reajusta os preços seguindo as movimentações no mercado internacional. Se o dólar ou o petróleo sobem, como tem acontecido, a petroleira repassa imediatamente o aumento para as refinarias. Essa política acarreta reajustes até diários.
De julho do ano passado até antes da greve, o preço da gasolina nas refinarias acumulou alta de 57,78%, e a gasolina, de 57,34%. A inflação oficial no Brasil acumulada entre julho de 2017 e abril de 2018 (último dado disponível) foi de 2,68%.
No exterior, os preços do petróleo, definidos em dólar no mercado internacional, estão em alta devido a uma queda na produção e a tensões geopolíticas. A decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de rever o acordo nuclear com o Irã gerou temores de que os iranianos passem a produzir menos petróleo. As negociações entre a Coreia do Norte e a diplomacia norte-americana agrava esses temores, que acabam pressionando os preços do petróleo para cima.
Outro fator é o fato de o dólar estar em alta no mundo todo. A economia norte-americana está crescendo e há expectativas de que o Fed (Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos) aumente as taxas de juros para manter a inflação controlada.