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Em meio a um cenário de caos onde se somam três crises - política, institucional e financeira - o primeiro-ministro encarregado da Itália, Carlo Cottarelli, informou nesta quarta-feira (30) que está aguardando o desenvolvimento das negociações entre os partidos para decidir se renuncia ou não.
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Cottarelli disse que há possibilidade de que os partidos italianos cheguem a um acordo para criar um novo governo. Nesse caso, ele renunciaria, já que está no posto com a exclusiva missão de criar um gabinete técnico interino que conduziria a Itália às eleições.
"Durante suas consultas com partidos, surgiram novas possibilidades para a criação de um governo político", disseram fontes próximas a Cottarelli. "Com a tensão nos mercados, as circunstâncias induzem-no a esperar os novos desenvolvimentos".
Cottarelli se reuniu hoje com o presidente italiano, Sergio Mattarella, para uma conversa informal sobre a crise política. No último domingo (27), o presidente indicou Cottarelli, um economista com experiência em FMI e conhecido por seu trabalho como revisor de gastos públicos, ao cargo de premier encarregado de formar um governo na Itália, país que já acumula três mês de impasse.
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Neste momento, a Itália visualiza três soluções para a crise política: um governo técnico e interino com Cottarelli, convocação de eleições antecipadas, ou um governo político com os partidos Movimento 5 Estrelas (M5S) e Liga Norte.
As duas legendas foram as vitoriosas das eleições legislativas de março e, apesar das divergências entre si, decidiram fechar um acordo de governo juntas. O tratado, porém, foi para os ares quando Mattarella, no último domingo, recusou o nome de um crítico da União Europeia (UE), Paolo Savona, como ministro da Economia.
O líder do M5S, Luigi di Maio, demonstrou hoje ser favorável a um governo político, apesar de toda a confusão com Mattarella, de quem o M5S e a Liga ameaçou até pedir o impeachment.
"O governo Cottarelli não tem um voto do povo nem do Parlamento. Não em uma maioria e corre o risco de se tornar o único governo da história sem um único voto de confiança", disse Di Maio.
A maioria dos partidos italiano já anunciou que não dará um voto de confiança no Parlamento caso o governo Cottarelli precise de aprovação no Legislativo. Até o Partido Democrático (PD), do presidente da Itália e opositor ao M5S e à Liga Norte, decidiu se abster da votação de confiança.
A nova possibilidade de um governo político na Itália gerou resultados positivos na Bolsa de Valores de Milão. O índice FTSE MIB chegou a subir 0,9%, batendo os 21.541 pontos, após dias de quedas consecutivas. Com informações da ANSA.