© Ueslei Marcelino / Reuters
A greve dos caminhoneiros, além de deflagrar uma crise no governo, também acentuou a disputa de poder entre os ministros da Casa Civil, Eliseu Padilha, e de Minas e Energia, Moreira Franco. Ambos formam o núcleo duro do presidente Michel Temer.
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Se por um lado Padilha estava, até então, mais esquecido pelo presidente, ainda mais após ter se envolvido em um embate com o advogado José Yunes - no episódio sobre a suposta entrega de R$ 1 milhão em propina da Odebrecht, que teria sido feita a pedido do chefe da Casa Civil -, durante a paralisação ele assumiu a reação do Planalto ao movimento. E mais: não convocou Moreira Franco.
"Há uma guerra entre os dois desde o começo do governo, quando o Padilha virou ministro da Casa Civil e o Moreira ficou sem ministério", diz um auxiliar direto de Temer, de acordo com informações de O Globo.
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O ministro de Minas e Energia, por sua vez, não gostou de ter ficado fora do comitê de crise, contam fontes ouvidas. Principalmente após ter ganhado espaço diante da fragilidade de Padilha, chegando a ser responsável pelo controle das verbas do setor de publicidade do Planalto e da política de concessões do governo.
Por isso, aproveitou a ida do presidente para o Rio, na quinta-feira (24) da semana passada, e também seguiu ao Estado. Só retornou para Brasília nessa segunda (28), quando participou da posse do seu substituto na Secretaria-Geral da Presidência, Ronaldo Fonseca.
Os dois passaram a alimentar, ainda conforme O Globo, desconfianças mútuas e o convívio tornou-se cada vez mais protocolar. "Causava muito desconforto no palácio o hábito de Moreira de usar celular nas reuniões e de entrar sem bater no gabinete do Michel. Moreira nem usava gravata no palácio. Isso foi minando o Padilha, que já evitava conversas sigilosas com a presença de Moreira", conta um importante ministro de Temer.