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A cantora Linn da Quebrada anunciou nesta terça-feira (29) o cancelamento de sua participação na edição 2018 do Festival Internacional de Cinema de Tel Aviv, em Israel.
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Em comunicado à imprensa, a cantora afirma que o cancelamento é uma "resposta aos chamados de ativistas por direitos humanos ao redor do mundo" contra as recentes mortes de mais de cem palestinos pelo Exército de Israel, na faixa de Gaza.
"Quando soubemos que o filme 'Bixa Travesty' havia sido selecionado para a programação do festival, enxergamos uma possibilidade de abrir diálogo. No entanto", afirmou a artista em uma rede social, "diante aos trágicos fatos recentes envolvendo o massacre de Israel sobre o território e corpos palestinos, este debate abriu uma nova gama de perspectivas".
A onda de desistências ligadas ao festival de cinema acontece uma semana após o cantor Gilberto Gil anunciar o cancelamento de um show que faria em julho, também em Tel Aviv.
Diretores de cinema, como Claudia Priscilla e Kiko Goifman, do documentário "Bixa Travesty", também anunciaram que não vão mais ao evento, que começa na quinta (31) e se estende até 9 de junho.
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Retrato biográfico de Linn da Quebrada, o filme ganhou o prêmio de melhor documentário no Teddy Award, no Festival Internacional de Berlim de 2018.
Segundo a cantora, a organização do evento em Tel Aviv "é cúmplice da agenda de 'pinkwashing' de Israel" -o termo designa a defesa de direitos LGBT com intuito supostamente interesseiro, "para desviar atenção das violações de direitos humanos do povo palestino", diz o texto.
"Mesmo sabendo que em Israel existem pessoas que sofrem opressões sobre seus corpos e desejos, decidi pelo cancelamento de minha participação, aderindo a um boicote artístico como forma de protesto contra as políticas genocidas" do país, afirmou Linn.
A declaração dela veio acompanhada de trechos de uma carta que a artista afirma ter recebido da ativista negra e feminista Angela Davis, professora emérita da Universidade da Califórnia (EUA).
"Como você sabe, os palestinos e as palestinas têm lutado por décadas contra o brutal regime israelense de ocupação, colonização e apartheid. Ao cancelar a sua participação, você evitará o uso de sua arte para encobrir os crimes de Israel", escreveu.
A americana acrescentou: "Nossas lutas LGBT e feministas não existem no vácuo. Das favelas brasileiras à faixa de Gaza, da luta de negros e negras nos EUA ao movimento antiapartheid da África do Sul, estamos juntas lutando por liberdade, justiça e igualdade".
O diretor brasileiro Calí dos Anjos e a produtora Bia Medeiros também anunciaram a retirada do curta-metragem de animação "Tailor" da programação do festival.
Outros diretores brasileiros escalados para o evento, como Marcio Reolon, Filipe Matzembacher, Evangelia Krenioti, Renato Duque e Daniel Nolasco, até aqui permanecem confirmados no festival.
Procurada, a organização do festival ainda não se manifestou sobre as desistências.
No ano passado, o evento -conhecido pela sigla TLV Fest- também foi atingido por uma onda de cancelamentos, incluindo o do diretor sul-africano John Trengove e o do brasileiro Sávio Leite. Com informações da Folhapress.