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O governo espanhol foi destituído por votação parlamentar nesta sexta-feira (1°), devido a um vultoso escândalo de corrupção semelhante àquele investigado no Brasil pela Operação Lava Jato. Deputados aprovaram pela maioria absoluta de 180 votos, em uma Câmara de 350 cadeiras, uma moção de censura contra o premiê Mariano Rajoy, do conservador PP (Partido Popular). Diversas figuras de sua sigla, incluindo o ex-tesoureiro, estavam ligadas a um esquema de venda de contratos públicos.
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A proposição fora apresentada na véspera pelo líder opositor Pedro Sánchez, do PSOE (Partido Socialista Operário Espanhol), que passa a ser o premiê em exercício até a sua confirmação pelo rei Felipe, prevista para este sábado (2).
É o sétimo governante desde a redemocratização do país, nos anos 1970.Votaram pela remoção de Rajoy, além do PSOE, o esquerdista Podemos, os catalães da Esquerda Unida e o Partido Nacionalista Basco, entre outras pequenas formações.
A favor do ex-premiê, votaram a sua própria sigla e o aliado Cidadãos, de centro-direita. Foi a primeira moção de censura a obter êxito na história moderna espanhola.
Assim que terminou a votação, Sánchez discursou: "A democracia na Espanha abre uma nova página. Uma etapa para recuperar a dignidade das instituições".Iniciado em 2011, o governo de Rajoy foi responsável pelas controversas medidas de austeridade implementadas em meio à crise financeira global de 2008.
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Durante sua gestão, o país passou a liderar o crescimento do bloco europeu –a pesar de ainda amargar um desemprego de 35% entre a população com menos 25 anos. "Foi uma honra ser premiê e deixar uma Espanha melhor do que a que encontrei", Rajoy escreveu em uma rede social antes mesmo da votação.
Também durante sua gestão, a Espanha enfrentou um desafio político significativo: como responder às reivindicações separatistas da Catalunha, região com autonomia parcial. Ao deixar o Palácio de Moncloa, Rajoy levará consigo a pecha de ter sido incapaz de resolver essa questão.
Não por acaso, os votos decisivos para sua queda (somados aos do PSOE e aos do Podemos), vieram dos pequenos partidos nacionalistas catalães e bascos, que viram uma oportunidade de puni-lo."Bem feito", escreveu o ex-presidente catalão Carles Puigdemont, acusado por Madri de rebelião e foragido na Alemanha.
"Os que até há algumas horas ainda eram os senhores do Estado agora terão de prestar contas."A intervenção do governo central na Catalunha, aprovada por Rajoy, deve ser encerrada neste sábado. Era uma data já prevista, não tendo ligação com o fim do mandato.Mas o grande calcanhar de Aquiles de Rajoy foi mesmo o fato de ser a figura de proa de um governo soterrado por acusações de corrupção.
A moção de censura foi apresentada depois de a Justiça condenar 29 pessoas à prisão –incluindo o ex-tesoureiro do PP, Luis Bárcenas, acusado de cobrar comissões em contratos públicos.As penas na Operação Gürtel somam 351 anos. Para o tribunal, os conservadores se beneficiaram de um esquema de venda de concessões –o que a sigla e Rajoy negam. Com informações da Folhapress.