© Leah Millis/Reuters
Depois de impor pesadas tarifas a inimigos e aliados, e de deixar o mundo à beira de uma guerra comercial, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou neste sábado (9) que é favorável a um mundo "livre de tarifas". "É assim que deveria ser. Sem tarifas, sem barreiras, sem subsídios. É assim que se ensina na Wharton School of Business", afirmou o americano, em referência a uma das universidades mais prestigiadas do país.
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A proposta surpreendeu os líderes do G7, o grupo das economias mais desenvolvidas do mundo, reunidos neste fim de semana no Canadá. Afinal, são palavras vindas de um presidente que costuma ironizar assessores "globalistas" e abriu guerra contra as atuais regras do comércio internacional.
O clima entre os sete países (EUA, Reino Unido, Alemanha, Canadá, França, Itália e Japão) era azedo, em função, principalmente, da enorme discordância sobre as tarifas recentemente impostas pelo governo Trump ao aço e alumínio importados.
A medida gerou retaliação, e centenas de produtos americanos foram taxados em até 25% pela Europa, Canadá e outros países. Foi ao final de uma tensa negociação, em que líderes europeus tentavam convencer o americano a retirar as medidas, que Trump ventilou a ideia de "um mundo sem tarifas". "Eu sugeri, sim. Eles irão repensar", afirmou o americano, neste sábado.
De acordo com o site Politico, a chanceler alemã, Angela Merkel, respondeu positivamente, dizendo que tomaria a sugestão como "um ponto de partida". Ao longo da reunião, os europeus lançaram mão de argumentos como a complexidade do comércio internacional, o superávit americano em serviços e até o sucesso de iPhones no exterior para tentar demover o americano.
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O francês Emmanuel Macron, também segundo o site Politico, citou o exemplo do déficit comercial que tem com a Alemanha, apesar de não haver nenhuma barreira comercial entre os países. "Por que isso acontece? Porque os franceses gostam de carros alemães", afirmou Macron. Apesar disso, Trump não demonstrou que irá retroceder nas tarifas impostas ao aço e alumínio.
Ele voltou a defender a redução dos déficits comerciais dos EUA, tema que virou uma obsessão particular, e disse que os demais países tiram vantagem da abertura americana. "Nós somos como o cofrinho que todo mundo está roubando", afirmou.Antes, líderes do G7 declararam que as tarifas dos EUA eram "injustificáveis" e chegaram a acusar o país de "desafiar a ordem internacional que ele próprio arquitetou".
Trump destacou que a relação entre as sete potências, apesar das desavenças, é "nota dez". "Não houve nada contencioso. O que foi forte foi o modo de falar que isso não pode continuar. Mas as relações são ótimas", disse. No entanto, o líder americano voltou a defender a entrada da Rússia, numa saia-justa a mais para os mandatários, que expulsaram o país do grupo e impuseram sanções ao regime de Vladimir Putin após a invasão da Crimeia, em 2014.
"Algumas pessoas gostam da ideia. Eu acho que seria bom para o mundo ter a Rússia de volta", afirmou. "Nós estamos buscando a paz no mundo, e não fazer joguinho."A reunião do G7 se estende até o final deste sábado -mas o americano deixou o encontro mais cedo, rumo a Singapura, onde irá se encontrar com o ditador norte-coreano Kim Jong-un.
O presidente disse estar confiante em relação ao evento, embora tenha dito que Kim tem uma "personalidade que poucos conhecem" e que está pisando em "território desconhecido". Mas afirmou que esta é uma oportunidade única para que o norte-coreano escolha a paz para seu país. O encontro será realizado na noite desta segunda-feira (11), às 22h no horário de Brasília. Com informações da Folhapress.