Salah vai jogar na estreia do Egito na Copa do Mundo

"Ele está bem e vai jogar", afirmou à Folha o zagueiro Ali Gabr

© REUTERS/Mohamed Abd El Ghany

Esporte garantido 10/06/18 POR Folhapress

O meia-atacante Mohamed Salah, maior estrela da história do futebol egípcio, irá jogar na estreia da seleção de seu país na Copa do Mundo da Rússia. O time enfrenta o Uruguai na próxima sexta (16), em Iekaterinburgo.

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"Ele está bem e vai jogar", afirmou à Folha o zagueiro Ali Gabr. Zagueiro do West Brom (ING), ele veio a Grozni, capital da Tchetchênia onde o Egito terá sua base durante o Mundial, em um voo comercial originário de Moscou. Chegou às 13h (7h em Brasília), enquanto o avião fretado trazendo o restante da delegação egípcia pousou 15 minutos depois.

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Salah é a maior estrela do Liverpool, time inglês pelo qual se machucou jogando a final da Liga dos Campeões da Europa contra o Real Madrid, há duas semanas. Logo no primeiro tempo, ele foi derrubado pelo zagueiro Sergio Ramos e lesionou o ombro. Além de desfalcar o seu clube na derrota por 3 a 1 para os espanhóis, Salah virou dúvida para a Copa.

Até a semana passada, especulava-se que ele só iria estar apto a entrar em campo na segunda partida dos egípcios, contra a Rússia. O grupo ainda tem a Arábia Saudita, que fará a abertura da Copa contra os anfitriões na quinta (14).

Os "faraós", como são conhecidos, foram recebidos pelo embaixador do Egito na Rússia e uma série de autoridades numa cerimônia fechada. O esquema de segurança foi reforçado, com cinco soldados fortemente armados do Exército russo e vários seguranças, em cinco vans e quatro carros de polícia que fizeram a escolta do ônibus da delegação. O Egito vai ficar em um hotel de luxo construído para o time, o The Local, e treinará no estádio Akhmat.

A presença do Egito em Grozni agitou a rotina da cidade e provocou algumas polêmicas. República integrante da Federação Russa, a Tchetchênia foi palco de duas sangrentas guerras de secessão contra Moscou nos anos 90, encerradas enfim com a ascensão de Akhmat Kadirov ao poder. Ele acabou morto por rivais islâmicos em 2004, e desde 2007 o país é governado com mão de ferro pelo seu filho, Ramzan.

Seu regime é visto por entidades de direitos humanos como repressivo e abusivo, e o Egito foi criticado por ter aceitado o convite de ficar baseado na cidade. Segundo a Human Rights Watch, entidade referência na área, Kadirov está sendo recompensado indevidamente por uma política que inclui a perseguição de gays no país.

Por outro lado, a Tchetchênia é solo muçulmano, e o Kremlin tem usado Kadirov como contato em suas negociações com os países do Golfo Pérsico. O centro da cidade, destruído nas guerras civis, foi reconstruído com ajuda de países como os Emirados Árabes Unidos. O rumor na cidade é de que são os xeques do Golfo que estão pagando a conta da luxuosa hospedagem dos "faraós", assim como vários outros investimentos. Por sua vez, o presidente islamizou a sociedade com uma vertente mais moderada da religião, ligada ao ramo sufi. Com isso, mantém laços com outras nações islâmicas e afasta seus rivais separatistas que costumam esposar versões radicais do islamismo, como o wahhabismo saudita. Além disso, o próprio Kadirov, que tem apenas 41 anos, é fanático por futebol. Em 2011, ele reuniu remanescentes do Brasil pentacampeão de 2002 para um jogo em Grozni no qual ele foi o capitão do time adversário -perdeu de 6 a 4, não sem antes converter dois pênaltis cedidos pelos visitantes, numa cena que emulou as falsas competições de que participava o ditador Idi Amin Dada na Uganda dos anos 1970.

Além disso, Kadirov renomeou o estádio local e o time da cidade para homenagear seu pai -Akhmat dá nome a tudo em Grozni, de ruas a ginásios do esporte nacional, a luta greco-romana. No FC Akhmat, que disputa a primeira divisão russa, jogam quatro brasileiros, que estão de férias como o resto do time. A arena em que o Egito treinará foi o palco do assassinato do pai do presidente, em 2004, em um atentado a bomba. Ela foi remodelada em 2011, triplicando a capacidade para 30 mil lugares, ou quase 10% da população da capital.Com efeito, se em sedes da Copa como Moscou mal se nota o fato de que o campeonato começará em menos de uma semana, em Grozni a cidade toda está enfeitada com bandeiras do Egito, da Rússia e da Tchetchênia, além de banners do Mundial. (Folhapress)

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