© Jonathan Ernst/Reuters
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o líder da Coreia do Norte, Kim Jong-un, assinaram um documento conjunto após a conclusão da cúpula de Singapura, nesta terça-feira (12).
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Ainda não se sabe o conteúdo do texto, mas o magnata disse se tratar de um documento "bastante amplo". Ele dará uma coletiva de imprensa mais tarde.
"Hoje tivemos um histórico encontro e decidimos deixar o passado para trás. O mundo verá uma mudança histórica, gostaria de agradecer ao presidente Trump por fazer esse encontro acontecer", acrescentou Kim.
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Perguntado por jornalistas sobre o teor do documento, Trump acrescentou que o processo de desnuclearização vai começar "rapidamente". Além disso, afirmou que convidará o líder da Coreia do Norte para a Casa Branca.
A aguardada cúpula ocorreu no Capella Hotel, na ilha de Sentosa, e começou pouco depois das 9h (22h de segunda-feira em Brasília), com um aperto de mãos de cerca de 10 segundos entre Kim e Trump.
Depois de posar para fotos em frente a bandeiras dos EUA e da Coreia do Norte, os dois se reuniram a portas fechadas por aproximadamente 40 minutos, acompanhados apenas de tradutores.
"Acho que vamos ter uma grande relação", arriscou o norte-americano, antes de dispensar os fotógrafos. "Estamos aqui depois de todos os obstáculos", reforçou o norte-coreano.
Antes do início da segunda fase do encontro, já na companhia de assessores, Trump disse que a primeira reunião havia sido "muito, muito boa". Além disso, acrescentou que ele e Kim têm uma excelente relação" e que os dois resolverão "um grande problema, um grande dilema". A segunda fase do encontro durou mais de duas horas.
Na sequência, as comitivas tiveram um almoço de trabalho. O presidente foi acompanhado pelo seu secretário de Estado, Mike Pompeo, pelo chefe de Gabinete da Casa Branca, John Kelly, e pelo conselheiro para Segurança Nacional, John Bolton, expoente da "linha dura" dos republicanos.
Já Kim tinha a seu lado seu braço-direito, Kim Yong-chol, o ministro das Relações Exteriores da Coreia do Norte, Ri Yong-ho, e o presidente da comissão diplomática da Assembleia Suprema do Povo, Ri Su-yong.
Tensões
Ao longo de 2017, a Coreia do Norte avançou como nunca em seu programa militar e testou, com sucesso, mísseis intercontinentais capazes de atingir o território dos Estados Unidos, além de ter realizado a detonação nuclear mais potente de sua história, supostamente com uma bomba de hidrogênio.
Em resposta, Trump patrocinou uma série de sanções econômicas das Nações Unidas contra a Coreia do Norte, que podem ter abalado ainda mais uma economia já fragilizada. Além disso, se envolveu em uma batalha retórica com Kim, chamando o norte-coreano de "pequeno homem foguete" e ameaçando atacar o país asiático com "fogo e fúria nunca antes vistos".
Por sua vez, o líder da Coreia do Norte prometera bombardear Guam, território ultramarino dos EUA no Oceano Pacífico, levantando ventos de guerra na região. Recorrentes exercícios militares e o envio de submarinos nucleares dos Estados Unidos também aumentaram os temores sobre um conflito iminente.
O clima de tensão na Península Coreana só arrefeceu no início de 2018, quando Kim desejou boa sorte para o Sul na realização dos Jogos de Inverno de PyeongChang. A declaração abriu as portas para a reaproximação entre Seul e Pyongyang, que culminou na participação de atletas do Norte nas Olimpíadas.
Kim anunciou recentemente a interrupção do programa nuclear e de desenvolvimento de mísseis de longo alcance de seu regime, mas ainda é incerto o que ele busca com a reaproximação ou até que ponto está comprometido com a desnuclearização total da península. A saída das tropas dos EUA do Sul, no entanto, deve ser uma de suas exigências para a paz.
Na Casa Branca, a versão é de que as sanções de Trump empurraram Pyongyang para o diálogo, porém o líder da Coreia do Norte usa seu poder de fogo como arma de persuasão, e sua mudança de postura pode indicar que o programa nuclear e balístico já atingiu um estágio suficiente para garantir a manutenção do regime. (ANSA)