© DR
No próximo dia 21 de junho estaremos oficialmente no inverno. Além do frio, da chuva e de dias mais secos, essa estação é propícia para a propagação de doenças como as meningites bacterianas. Segundo a neuropediatra, Dra. Andrea Weinmann, no inverno é mais comum casos de meningites causadas por bactérias. Já as virais tendem a ser mais prevalentes no verão.
PUB
“A meningite é um processo inflamatório das membranas que envolvem o cérebro e a medula espinhal. A doença tem diferentes origens, mas as meningites infeciosas, que podem ser causadas por vírus, bactérias, fungos e protozoários, são as mais comuns. A meningite, entretanto, pode também ser causada por doenças sistêmicas, como câncer ou lúpus, por exemplo ou ainda como consequência de certos medicamentos”, explica Dra. Andrea.
Crianças e idosos são principais vítimas
O risco de desenvolver uma meningite bacteriana é maior em crianças menores de cinco anos e em adultos com mais de 60 anos. Estima-se que em 75% dos casos, as vítimas são crianças com menos de cinco anos.
A meningite bacteriana é uma emergência médica, pois precisa de diagnóstico e tratamento imediatos para reduzir o risco de sequelas, como surdez e atrasos neuropsicomotores. Infelizmente, a taxa de mortalidade também é alta quando se trata de meningite bacteriana.
Principais tipos
“A grande maioria das meningites bacterianas são causadas por um crescimento anormal das colônias das bactérias que habitam a nasofaringe e a orofaringe. As bactérias se multiplicam e resistem às defesas do organismo. Com isso, elas atingem a corrente sanguínea e chegam ao sistema nervoso central, levando assim à infecção das meninges e da medula”, comenta Dra. Andrea.
Neisseria meningitidis (meningococo), Haemophilus influenzae e Streptococcus pneumoniae (pneumococo). Juntas, essas bactérias são responsáveis por 95% dos casos de meningite bacteriana após os dois meses de idade.
Tosse, espirros e beijos são principais meios de contágio
Todas as meningites bacterianas podem ser transmitidas por contato direto por meio de gotículas e secreções do nariz e da garganta, como tosse, espirros e beijos, sendo que a pneumocócica pode ser transmitida também pelo contato indireto por meio de objetos contaminados pelas secreções nasais e da garganta.
A meningite pneumocócica é considerada a mais grave, pois está associada a altas taxas de mortalidade e de complicações, como hidrocefalia, edema cerebral (inchaço), hemorragia intracraniana, entre outras complicações.
“Até um terço dos pacientes pode apresentar deficiências cognitivas, lentidão cognitiva, surdez, cegueira, deficiências neuropsiquiátricas, paralisia cerebral, convulsões e atraso mental como sequela da doença. Já a meningocócica também é grave, pois evolui muito rápido e precisa ser tratada imediatamente, pois do contrário pode ser fatal”, diz a médica.
Alerta aos sintomas
Infelizmente, os sinais e sintomas em bebês podem ser inespecíficos e isso atrasa o diagnóstico. “Febre alta, recusa alimentar, vômitos, apatia e irritabilidade podem sugerir alguma alteração em crianças menores, principalmente em bebês. Nessa faixa etária, os sinais de irritação da meninge não são tão frequentes”, explica Dra. Andrea.
Já as crianças maiores costumam apresentar sintomas bem característicos, como dor de cabeça, vômitos e febre com início repentino ou insidioso.
“A criança pode apresentar também sensibilidade à luz (fotofobia), sonolência e letargia. No exame clínico procuramos os sinais clássicos da irritação das meninges, como rigidez da nuca e flexão involuntária dos membros inferiores quando o pescoço é fletido (flexionado), além do sinal de Kernig (impossibilidade de estender a perna em um grau específico quando a perna é flexionada)”, afirma a neuropediatra.
“Um sintoma clássico da meningite meningocócica é o exantema, que são manchas ou pontos avermelhados que podem evoluir para petéquias de cor mais escura ou púrpura”, comenta Dra. Andrea.
Quando procurar o médico
Os pais devem ficar atentos a essa lista de sintomas e procurar um pronto-socorro o quanto antes, mesmo que seja para descartar uma meningite. O médico irá fazer o exame clínico e solicitar, na maioria dos casos, o exame de Líquor, entre outros. O início da terapia antibacteriana endovenosa deve ser imediato, por isso a criança é internada ainda no atendimento do pronto-socorro.
A evolução do quadro vai depender de uma série de fatores como, por exemplo, qual bactéria causou a meningite, o estado de saúde geral da criança, o tempo entre o aparecimento dos sintomas e o início do tratamento, entre outros.
Vacinas devem estar em dia
Felizmente, hoje é possível imunizar a criança contra a maioria dos agentes causadores das meningites bacterianas. Um bom exemplo é a queda da incidência da meningite por Haemophilus influenzae.
A maior parte das vacinas está incluída no calendário do Sistema Único de Saúde e algumas só podem ser feitas em clínicas particulares. “A imunização sem dúvida é a melhor forma de prevenir as meningites, portanto os pais precisam estar atentos ao calendário de vacinação e imunizar a criança corretamente”, diz Dra. Andrea.
Pais de crianças que frequentam creches e escolas, principalmente as menores de cinco anos, precisam redobrar a atenção aos sintomas, assim como perguntar nos estabelecimentos sobre a saúde das outras crianças. No caso de alguma criança apresentar um quadro de meningite, é preciso se informar sobre qual foi o tipo e se certificar que a vacinação está em dia, além claro de monitorar possíveis sintomas.
Leia também: 8 sinais que seu corpo dá 1 mês antes de infartar