Separação de criança imigrante dos pais nos EUA é alvo de aliados

Até mesmo a primeira-dama, Melania Trump, afirmou em nota que "detesta ver as crianças separadas de suas famílias"

©  REUTERS/Beawiharta

Mundo direitos humanos 18/06/18 POR Folhapress

A prática de separar crianças imigrantes de seus pais na fronteira dos EUA com o México, que já distanciou cerca de 2.000 famílias nas últimas semanas, tem provocado forte reação nos Estados Unidos, inclusive de aliados do presidente Donald Trump, e pode forçar o governo a voltar atrás.

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Neste domingo (17), foi a ex-primeira-dama Laura Bush, mulher do republicano George W. Bush, que saiu em defesa das crianças. Em artigo no jornal Washington Post, ela afirmou que a separação das famílias "parte seu coração".

"Eu moro em um estado fronteiriço [Texas]. Eu aprecio a necessidade de cumprir a lei e proteger nossas fronteiras, mas essa política de tolerância zero é cruel. É imoral", escreveu.

Até mesmo a atual primeira-dama, Melania Trump, em um raríssimo pronunciamento, disse em nota neste domingo que "detesta ver as crianças separadas de suas famílias" e espera que "os dois lados possam finalmente se unir para obter uma reforma de imigração bem-sucedida".

Há cerca de dois meses, o governo Trump decidiu adotar uma política de "tolerância zero" contra quem cruza a fronteira ilegalmente. Com isso, adultos são processados criminalmente pela travessia ilegal, e encaminhados a presídios federais. As crianças, que por lei não podem permanecer nesses estabelecimentos, acabam sendo enviadas para abrigos mantidos pelo governo, e ficam sem contato com os pais.

Os abrigos estão quase lotados: atualmente, há pouco mais de 10 mil crianças imigrantes detidas, uma lotação de 95%.

"É um abuso inconcebível", disse o diretor do conselho de direitos humanos da ONU (Organização das Nações Unidas), Zeid Ra'ad al-Hussein (foto), nesta segunda (18).

Antes, o governo americano optava por tratar dos casos em cortes de imigração, sem o indiciamento criminal, e as famílias eram mantidas unidas em centros de detenção para imigrantes.

Trump, por outro lado, tem culpado os democratas pelas leis que, segundo ele, determinam a separação das crianças -embora a remoção massiva seja uma prática recente de sua administração.

"MUDEM AS LEIS!", escreveu o presidente, em caixa alta, nas redes sociais nesta manhã. Segundo ele, a administração tem apenas cumprido as leis, uma prática que foi defendida pelo secretário de Justiça, Jeff Sessions, com uma citação bíblica, argumentando que "Deus consagrou os governantes para seu propósito".

"Eles [os pais] é que descumpriram a lei, eles é que colocaram suas próprias crianças em risco durante a jornada", afirmou Sessions, na última quinta (14).

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Trump ainda argumentou que as crianças são usadas por "alguns dos piores criminosos da terra" como um meio de entrar no país.

A preocupação com tráfico humano é, de fato, um dos motivos pelos quais a separação de crianças foi historicamente adotada nos EUA. Em caso de suspeita de o suposto pai ou mãe ser, na verdade, um coiote ou traficante, as crianças são levadas a abrigo. Mas não é esse o caso da maioria dos 2.000 menores separados dos pais nas últimas semanas.

O presidente irá se reunir com deputados republicanos nesta terça-feira (19). Trump tem usado a controvérsia como forma de reforçar o apelo pela reforma das leis de imigração do país, que ele considera fracas.

Já alguns republicanos, incomodados com a repercussão negativa da separação das famílias, devem pressionar o presidente a voltar atrás em sua política de "tolerância zero". Com informações da Folhapress.

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