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Moradores da capital registraram uma queixa de falta d'água a cada seis minutos no primeiro trimestre deste ano, segundo dados da Sabesp. De janeiro a março, foram 20.881 reclamações feitas pelos canais de atendimento da companhia, então sob gestão de Geraldo Alckmin (PSDB).
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A Sabesp divide a capital em 15 regiões de abastecimento. Entre esses setores, o de Santo Amaro (zona sul) foi aquele onde os consumidores mais reclamaram. No período, foram 5.820 queixas, praticamente uma em cada quatro registradas na cidade.
Em fevereiro, por exemplo, 1 em cada 100 consumidores ligou para a companhia para reclamar de problemas no abastecimento de água em sua casa ou estabelecimento comercial. O número de afetados pode ser maior, porque nem todos os prejudicados ligam para reclamar.
Apesar da quantidade, as queixas de falta d'água têm caído ano a ano desde a crise hídrica. No primeiro trimestre de 2015, por exemplo, no auge da crise de abastecimento, quando o governo Alckmin reduziu a pressão das tubulações da Sabesp, causando falta d'água, houve 86.462 reclamações.
Para Jorge Giroldo, professor de engenharia hidráulica da FEI (Fundação Educacional Inaciana), a capital tem problemas estruturais. "São Paulo tem um relevo com variação bastante acentuada. Há dificuldades de interligação de sistemas, muitos vazamentos, perde-se muito da água produzida. Acaba não atingindo os pontos mais elevados", afirma.
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Segundo Giroldo, a falta d'água em determinadas regiões da cidade não é algo que se resolve facilmente. "Isso exigiria a recuperação de redes e adutoras, um problema de longo prazo e grande investimento."
A secretária Rosilene Cristina da Cunha, 49, afirma que já faz tempo que falta água em sua casa de madrugada. Moradora da rua Bartolomeu Bejarano, no Jardim São Luís (zona sul), ela diz que o problema começa todos os dias por volta das 23h30 e só acaba às 6h.
"Tenho dois banheiros e em um deles o chuveiro é de água que vem direto da rua. Ele seca durante a madrugada", afirma a secretária.
Segundo Rosilene, anteriormente, a água começava a voltar às 5h. A secretária diz que também há um outro problema. "A gente olha o relógio, não tem água ainda, mas ele continua rodando muito. Antes, pagava R$ 50 e agora, R$ 100."
A Sabesp, empresa da gestão Márcio França (PSDB), afirma que não há falta d'água, que tem mais de 3 milhões de imóveis conectados na capital e que, em 90 dias, registrou pouco mais de 20 mil reclamações.
São, portanto, 232 telefonemas por dia, o que representa 0,008% dos imóveis servidos. Todas essas demandas dos clientes são importantes e foram atendidas pela companhia", disse, em nota.
Segundo a empresa, nem todas as reclamações "são efetivamente algum problema da Sabesp". Segundo a companhia, o caso citado pelo Agora passou por vistoria e a proprietária precisa conectar o chuveiro à caixa-d'água. A companhia também disse na nota que explicou para a moradora que "utiliza ventosas para eliminar o ar na rede, impedindo que chegue até os hidrômetros dos imóveis"
CANTAREIRA
O sistema Cantareira continua a perder água em junho, depois de a região metropolitana registrar o maio mais seco dos últimos 18 anos, segundo o Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia).
Desde o início do mês, o reservatório perdeu um volume suficiente para abastecer a capital por quatro dias. Choveu apenas 18,9 mm nos primeiros 17 dias de junho. A média histórica para todo o mês é de 61,1 mm.
Em 2013, às vésperas da crise hídrica, o Cantareira contava com 58,1% da capacidade. Ontem, tinha apenas 45,2% do total.
O professor Jorge Giroldo, do curso de engenharia hidráulica da FEI (Fundação Educacional Inaciana), afirma que ainda não há motivo para alarme, mas faz um alerta. "Interessa para a Sabesp vender água, mas já está na hora de começar a fazer campanhas para a população economizar outra vez, para diminuir o consumo." Com informações da Folhapress.