© REUTERS/Jose Luis Gonzalez
É filho de brasileiros o funcionário que pediu demissão, na semana passada, de um dos centros de migrantes para onde são levadas crianças separadas do país na fronteira entre o México e os Estados Unidos. Antar Davidson diz que a ordem do superior de separar três irmãos brasileiros que se abraçavam foi a gota d'água.
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"Como ser humano, não posso fazer isso", disse Davidson à BBC. Nascido na Califórnia, ele trabalhava desde fevereiro no centro de Tucson, no Arizona, administrado pela empresa Southwest Key.
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Em entrevista à NBC, ele disse que nunca esquecerá como os irmãos, de 16, 10 e 8 anos, se emocionaram e se abraçaram ao saberem que ficaram em alas separadas, por causa da idade e do gênero. Os três tinham sido separados da mãe no dia anterior.
Davidson lembra que os três brasileiros ficaram desesperados, enquanto os colegas que trabalham no abrigo gritavam ordens em espanhol. "O rapaz de 16 anos ia ficar junto com os adolescentes. O menino de oito ficaria com as crianças mais novas. E a menina de 10 anos teria que ficar com as meninas da idade dela", detalhou.
Como as crianças não entendiam o idioma, Davidson foi chamado. "Eles me chamaram para reforçar a política de 'tolerância zero' do abrigo. Tinha que traduzir para as crianças que elas não podiam se abraçar". O descendente de brasileiros disse que pediu ao irmão mais velho que fosse "forte pelos mais novos".
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Ele me olhou com lágrimas nos olhos e disse: 'Como que eu posso ser forte numa situação como essa? Eu não sei onde a minha mãe está. Eu não sei o que fazer pela minha irmãzinha. Eu não sei quanto tempo vamos ficar aqui'", recorda Davidson.
O Southwest Key informou, à CNN, por meio da porta-voz Cindy Casares, que o abrigo tem "profissionais experientes e treinados para dar comodidade e orientação, e para ajudar os menores a se sentirem mais confortáveis. Abraçar é permitido".