Busca por eleição na internet é a maior desde 2004

O interesse dos internautas pelo tema 'eleição' foi 66,7% maior do que no mesmo período de 2016 e de 2014

© Pixabay

Tech Eleições 26/06/18 POR Estadao Conteudo

As eleições deste ano são as que mais despertaram o interesse dos eleitores na internet durante um primeiro semestre desde 2004. Levantamento feito pelo jornal O Estado de S. Paulo na plataforma Google Trends - que analisa estatísticas de pesquisas no maior buscador da rede - marca cinco pontos de interesse pelo tema neste primeiro semestre, contra 3 em 2014 e 2016, por exemplo, anos também marcados pela realização de eleições. Em 2004, o resultado foi de 6, numa escala que vai de 0 a 100.

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Historicamente, o pico das pesquisas costuma acontecer a partir de agosto, se prolongando até o momento da eleição. O levantamento mostrou ainda que, em junho, o interesse dos internautas pelo tema "eleição" foi 66,7% maior do que no mesmo período de 2016 e de 2014.

O Google Trends utiliza uma fórmula que relativiza a quantidade de acessos por período, permitindo a comparação nessa série histórica sem distorções. Ou seja: mesmo que, em números absolutos, mais pessoas tenham acesso à internet e pesquisem mais por um determinado tema em 2018 do que na década passada, o que será captado é o total de buscas por um tema em relação a todas as pesquisas feitas na plataforma naquele período.

O mesmo vale para comparar diferentes Estados, por exemplo. A plataforma vai dizer qual Estado teve mais buscas sobre um tema de acordo com o total de buscas naquela região, de forma relativa. Com isso, é possível fazer comparações entre Estados com populações diferentes.

Os dados acompanham a "antecipação" do período eleitoral feito por pré-candidatos na internet. Conforme mostrou o Estado no início de junho, embora o horário eleitoral na TV só comece no dia 31 de agosto, pré-candidatos se anteciparam a esse prazo e passaram a veicular em suas redes sociais programas políticos no estilo usado para pedir votos na TV e no rádio. Segundo especialistas, esse é um dos motivos para o resultado da pesquisa.

"Não se tem ainda o início da propaganda da TV e na rádio. A formalização das candidaturas não foi feita e existe um ambiente de incerteza. Isso já é uma diferença em relação aos anos anteriores, por causa da minirreforma política. Hoje é possível fazer a propaganda nas redes, fazer crowdfunding. Isso muda o comportamento dos pré-candidatos", diz a professora de Ciência Política da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (Fespsp), Tathiana Chicarino.

Período eleitoral

As estatísticas até junho apontam apenas o início do interesse pelo tema. Quando se considera a série histórica em períodos eleitorais desde 2004, é possível perceber que há aumento constante nas buscas a partir de agosto (entre 10 e 20 pontos), com pico em outubro (90 ou mais pontos). O ano de 2016 foi o que registrou o maior interesse em outubro, com 100 pontos.

Se analisadas as consultadas relacionadas ao tema das eleições, a plataforma aponta que as principais preocupações do brasileiro nos últimos 12 meses estão relacionadas ao cadastramento da biometria: 8 dos 25 termos mais buscados dizem respeito a como e quando se recadastrar para votar. A mudança passou a ser obrigatória em parte dos municípios no País neste ano.

Tocantins foi o que mais buscou pelo tema neste período no País, em termos proporcionais (em relação à população total) - os eleitores do Estado tiveram de escolher um novo governador no domingo passado, depois da cassação do ex-governador Marcelo Miranda (MDB) e de sua vice, Cláudia Lelis (PV). Ambos foram considerados culpados por captação ilegal de recursos pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) durante a campanha de 2014. Pela mudança de agenda, os internautas de Tocantins tiveram um pico de buscas por eleição entre os dias 3 e 9 de junho.

Polêmicas

O levantamento feito na plataforma Google Trends, considerando o período desde 2004, mostra que as buscas pelos pré-candidatos disparam em momentos polêmicos, discussões ou tragédias.

Líder nas pesquisas nos cenários sem o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (condenado e preso na Lava Jato), o presidenciável do PSL, Jair Bolsonaro, aparece com destaque na internet basicamente em dois momentos: quando sai em defesa da ditadura militar e seus personagens ou quando se envolve em alguma polêmica ou processo. O auge de Bolsonaro, com 100 pontos (representando o momento em que mais se pesquisou sobre ele desde 2004) foi quando o deputado federal homenageou o coronel Brilhante Ustra na votação do impeachment da presidente cassada Dilma Rousseff, em abril de 2016. O mesmo aconteceu quando foi denunciado ao Supremo Tribunal Federal (STF) por racismo, com 85 pontos, e quando reportagens vasculharam antigos atos de indisciplina no Exército, com 59 pontos.

Já Ciro Gomes (PDT) atingiu seu pico nas buscas do Google ao participar de um episódio envolvendo Arthur Moledo do Val. O youtuber acusa ter sido agredido por Ciro, em vídeo que viralizou na rede. O momento rendeu 93 pontos.

Marina Silva, da Rede, e Geraldo Alckmin, do PSDB, guardam um aspecto em comum - ambos só aparecem com mais firmeza nas buscas em momentos próximos da eleição ou por conta de tragédias. A morte de Eduardo Campos durante o período eleitoral de 2014 fez Marina atingir 75 pontos nas pesquisas por seu nome no Google, segunda vez em que mais se pesquisou a pré-candidata, perdendo somente para quando ficou em 3º. lugar nas eleições em 2010. Alckmin também foi mais buscado quando perdeu o filho em um acidente de helicóptero.

Nomes que exploram a imagem do novo no cenário eleitoral, os empresários Flávio Rocha (do PRB) e João Amoêdo (do Novo) se destacaram nas buscas quando apareceram em entrevistas ou durante o lançamento de suas pré-candidaturas. Já Henrique Meireles, do MDB, ganha protagonismo quando assumiu o Ministério da Fazenda no governo Temer.

O pré-candidato Guilherme Boulos, do PSOL, teve pico de audiência de 63 pontos em junho de 2005, quando liderou invasão de sem-teto a um terreno da Volkswagen, em São Bernardo do Campo. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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