Teimosia de técnico e veteranos em baixa levam Alemanha a fiasco

A Alemanha chegou à Rússia com status de favorita

© REUTERS / Michael Dalder 

Esporte Eliminação 27/06/18 POR Folhapress

O roteiro da eliminação alemã começou a ser escrito antes da derrota por 2 a 0 para a Coreia do Sul, nesta quarta-feira (27). Ao ignorar as causas do mau futebol apresentado nos jogos anteriores e insistir no esquema que não deu certo desde o começo da Copa, o técnico campeão do mundo Joachim Löw passou a flertar com a tragédia.

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Nomes que deram certo nos últimos anos, como Khedira, Özil e Müller, não chegaram nem perto do desempenho esperado. Por insistência do técnico, porém, foram mantidos até o fim. Eram considerados fundamentais para o time voltar a jogar como no passado recente.

A Alemanha chegou à Rússia com status de favorita. Desde 2006 com Löw no comando, chegou pelos menos entre os quatro primeiros em seis torneios, contando Mundiais e Eurocopas. Nas eliminatórias europeias, foram dez vitórias em dez jogos, fato inédito para o futebol alemão. Em 21 edições de Copa do Mundo, ela chegou entre os quatro 13 vezes, um recorde. Mas 2018 não era 2014, e os problemas para os atuais campeões começaram cedo.

Amistosos contra a Áustria e a Arábia Saudita mostraram uma equipe lenta, sem criação e com pouco poder ofensivo, diferente do time de garotos que ganhou a Copa das Confederações em 2017.

Löw poderia ter mudado o curso da preparação, mas preferiu seguir firme com as suas ideias. Recebeu críticas, por exemplo, por descartar o meia-atacante Leroy Sané, 22, do Manchester City (ING).

Logo na estreia contra o México, os alemães tiveram um duro encontro com a realidade. Muita posse de bola (60%) e passes completos (524), mas nenhuma efetividade. O setor ofensivo finalizou contra o gol mexicano só no fim do jogo, quando tentava empatar de qualquer forma.

Até um problema novo surgiu. A linha de zagueiros, desprotegida, foi presa fácil para os contra-ataques. O setor de defesa do meio-campo, com Khedira e Kroos, também passou a perder demais a bola.

Mas nada parecia incomodar Löw. As saídas de Özil e Khedira contra a Suécia deixaram o futebol da Alemanha mais fluído. Mas mesmo a vitória no último minuto, com o time jogando um pouco melhor, não serviu para mudar a estratégia do técnico.

"Quando estávamos no centro de treinamento, treinamos muito bem. Os dois jogos antes da Copa do Mundo não foram bons. Tentamos ajustar algumas coisas, mas não funcionou. Contra o México, se tivéssemos marcado um ponto, tudo teria sido diferente", disse o treinador alemão. Contra a Coreia do Sul, os veteranos voltaram, e os indicadores pioraram. No estádio, a sensação era de que a Alemanha estava disputando um amistoso sem importância. E parecia achar que ganharia a qualquer momento.

O final do jogo contribui para o roteiro do drama alemão. O primeiro gol, já nos acréscimos, foi marcado após consulta ao vídeo descartar impedimento na jogada.

No segundo, até o goleiro Neuer estava no campo de ataque. O gol ficou livre para Son, destaque da Coreia, finalizar.

"Não merecíamos passar para as oitavas", admitiu Löw. Como consequência, um dos maiores vexames do poderoso futebol alemão está agora escrito na história dos Mundiais.

As derrotas contra Coreia do Sul e México e os três pontos diante da Suécia deixaram os alemães com a última colocação do Grupo F.

A quarta posição vem carregada de simbolismos. Nunca a Alemanha havia caído na fase de grupos de uma Copa do Mundo. Feito parecido só tinha ocorrido em 1938, quando o Mundial já começava com partidas eliminatórias.

Com a eliminação precoce e muitas perguntas ainda sem respostas, o sonho de Löw de ser bicampeão do mundo como treinador ruiu.

Até hoje, apenas um outro europeu, o italiano Vittorio Pozzo, bicampeão com a Itália nas Copas de 1934 e 1938, conseguiu tal feito.

Löw pode até comandar a Alemanha em outra Copa, porque tem contrato até 2022 -o que não o impede sua saída nos próximos dias-, mas dois títulos seguidos já não conseguirá mais.

"Não acho que sejam tempos negros para o futebol alemão", afirmou após a eliminação. "Somos o time mais constante em termos de performance. Nos últimos 12 anos, sempre estivemos entre os primeiros. Claro que a eliminação gera uma decepção, mas temos jovens jogadores muito talentosos. Isso já ocorreu com outros países antes. Temos que tirar as conclusões certas e jogar melhor daqui para frente", afirmou.

Talvez o técnico pudesse ter aceitado a ideia de colocar mais jovens jogadores na primeira fase da Copa do Mundo, assim como fizera na Copa das Confederações. No ano passado, os alemães ficaram com o título.

Mas, assim como parece ter virado uma tradição os últimos campeões mundiais caírem na primeira fase das Copas seguintes, vencer a Copa das Confederações também parece fazer com que os treinadores fiquem mais arraigados às suas ideias. Com informações da Folhapress. 

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