© REUTERS/Adriano Machado
O ex-ministro Ciro Gomes, pré-candidato do PDT à Presidência da República, disse que não haverá surpresas em seu governo se for eleito e pediu confiança a um grupo de investidores e analistas do mercado financeiro com que se reuniu a portas fechadas nesta quinta-feira (28).
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"O que eu quero é a confiança de vocês, não precisam gostar de mim", afirmou Ciro, de acordo com o relato de um participante do encontro. Organizado pela corretora XP Investimentos, o evento pôs o presidenciável em contato com 70 clientes da empresa durante duas horas e meia.
Num esforço para desfazer a imagem criada por seu temperamento explosivo, Ciro disse não se reconhecer no retrato que os jornais costumam fazer dele e arrancou gargalhadas da plateia com piadas em pelo menos quatro momentos. No fim, cumprimentou todos um a um ao se despedir.
Ele apresentou as linhas gerais de sua plataforma de campanha, destacando como prioridades o ajuste das contas do governo federal, a recuperação da sua capacidade de investimento e a redução do elevado grau de endividamento das famílias e das empresas.
Ciro defendeu o aumento dos tributos cobrados sobre heranças, lucros e dividendos das empresas, e sugeriu a criação de um imposto sobre movimentações financeiras, nos moldes da antiga CPMF, além da redução de subsídios.
Sem oferecer detalhes, disse que todas as despesas do governo serão revistas e reafirmou linhas gerais de sua proposta de reforma da Previdência, como a criação de um sistema de capitalização, baseado em contas individuais.
Segundo outro participante do encontro, o presidenciável afirmou aos investidores que pretende ganhar sua confiança dizendo sempre com clareza o que pretende fazer se vencer a eleição de outubro.
Na saída, Ciro disse aos jornalistas que recebeu R$ 30 mil da XP pela participação no evento. "Tenho que pagar o gim das crianças", brincou. "Quando a candidatura for homologada, aí evidentemente eu suspendo [as palestras]".
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Nesta semana, Ciro virou alvo de vídeos produzidos por dois adversários. O ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB) o criticou por ter trocado de partido várias vezes, e o ex-ministro Henrique Meirelles (MDB) pôs no ar uma cena em que ele grita que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) "é um merda".
Ciro também tem despertado ceticismo entre investidores por causa de suas propostas. Há dúvidas sobre a capacidade de sustentar seu plano para a Previdência sem que a dívida pública exploda. Numa entrevista recente, ele defendeu a expropriação de campos de petróleo cujos direitos de exploração foram concedidos a empresas estrangeiras.
No encontro com os clientes da XP, o presidenciável defendeu genericamente o respeito aos contratos, afirmou que a política de preços da Petrobras precisa ser repensada e disse que as empresas estatais terão metas de eficiência fixadas pelo governo federal.
Ciro disse que está perto de fechar uma aliança com o PSB e que tem conversado com o PP, o DEM e o Solidariedade, mas que nada será definido antes de meados de julho.
Após o evento, ele disse aos jornalistas que pedirá desculpas aos líderes do DEM que tiverem considerado ofensivo o comentário que ele fez sobre o vereador Fernando Holiday, que chamou de "capitãozinho do mato" numa entrevista.
Holiday, que é negro, afirmou que vai processar Ciro. "Falei ao [presidente nacional do DEM] ACM Neto: faça uma lista de quem você acha que eu preciso ligar, que eu ligo, sem problemas", disse Ciro.
Com informações da Folhapress.