© Mike Blake/Reuters
Pelo menos três brasileiras esperam para se reunir com seus filhos menores de idade enviados para abrigos de Chicago, afirma o advogado Jesse Bless, do escritório Jeff Goldman Immigration.
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Ele representou a brasileira Lídia Karine Souza, separada do filho Diogo, 9, ao entrar nos Estados Unidos pela fronteira com o México no final de maio.
Bless afirmou que um dos casos, de uma brasileira identificada apenas como Shirley, deve ser resolvido na tarde desta sexta-feira (29), quando a expectativa é que ela reencontre a criança -ele não deu mais detalhes sobre a situação de ambos.
O advogado afirmou que o governo americano tem adotado a prática de agrupar as crianças por nacionalidade nos centros de detenção na fronteira com o México. Assim, filhos de brasileiros estariam sendo enviados para Chicago.
"Tenho muitos clientes brasileiros em Massachusetts [estado na costa leste] cujos filhos estão em Chicago. Eles estão transferindo as crianças brasileiras do Texas para Chicago", afirmou.
Para ele, a separação de mães e filhos é preocupante. "Ninguém questiona que essas mulheres são boas mães. Elas são boas e cuidam dos filhos. E ninguém coloca em dúvida também que elas estão fugindo do Brasil por estarem passando por uma situação perigosa", ressaltou. "Por que separar mães e filhos? Acho que sabemos agora que foi um erro."
Bless diz ter tomado conhecimento do caso de Lídia através de uma funcionária que trabalha em seu escritório, Luana, que nasceu no Brasil, mas tem cidadania americana. A mãe de Lídia e amigos trocavam mensagens no WhatsApp para saber como ela poderia encontrar Diogo, a quem não via desde 30 de maio.
Em 18 de junho, ele passou a representar a brasileira. "Eu estava mais preocupado com a entrada dela nos EUA, porque a gente não sabia que tipos de restrições eles iriam colocar. Nós pensamos, inicialmente, que reunir Lídia e Diogo, uma vez que soubemos que ele estava em Chicago, não seria difícil", afirma.
Para Bless, seria uma questão de burocracia, preencher papelada, até devolverem Diogo para Lídia.
Na quarta-feira (20), porém, as autoridades judiciais disseram que tinham que checar o histórico das pessoas com quem Lídia está morando em Boston, e que isso levaria 30 dias. "Foi quando realmente me envolvi, e pensei que as coisas estavam muito erradas."
Lídia se apresentou com Diogo na fronteira com o México em 28 de maio em busca de asilo. Segundo o advogado, ela enfrenta riscos no Brasil.
A brasileira teria sido aprovada nessa entrevista inicial, o que indicava, de acordo com o advogado, que ela reunia as condições necessárias para buscar asilo. No entanto, em 30 de maio, foi acusada de tentar entrar ilegalmente nos EUA.Lídia e Diogo foram separados. Ela passou por três centros de detenção até ser liberada, em 8 de junho. Ele foi enviado a um abrigo em Chicago.
Desde então, Lídia tentava descobrir onde estava Diogo, porque o número de telefone que deram a ela para que entrasse em contato com o menino não funcionava. A brasileira, então, entrou em contato com outras mães até descobrir o paradeiro do filho.
Ambos só conseguiram se reunir nesta quinta (28), quando um juiz emitiu uma ordem mandando libertar imediatamente o menino. O reencontro, diz, foi emocionante. "Lídia não veio atrás de dinheiro fácil. Ela tinha apoio do Brasil e ela vai trabalhar aqui. Ela estava tentando proteger o filho." Com informações da Folhapress.