© REUTERS/Adnan Abidi
A falta de banheiros e calor extremo de algumas regiões da Índia forma uma combinação perigosa para mulheres. Diante do risco de estupro, muitas evitam beber água para não terem de defecar em locais afastados, onde há maior risco de ataques sexuais.
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Este é o caso de uma menina identificada como Mona, que vive em uma favela em Nova Déli. Aos 13 anos, ela admite evitar água e restringir a ingestão de alimentos para não ir ao local destinada a fazer as "necessidades".
"Às vezes, eu bebo menos - porque (ela estimula a produção de fezes) o local que usamos para defecar ao ar livre fica cheio de rapazes. Tenho medo de ir lá", conta a garota, em entrevista à BBC.
Como estratégia de proteção, mulheres costumam se reunir e no início da manhã ou no fim da tarde para evitar ir sozinhas aos locais.
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"Várias mulheres sofrem com comentários obscenos, perseguições e olhares de rapazes da região quando saem para defecar nessas áreas", conta Savita, que também mora em uma favela na capital indiana. "É por isso que temos medo de ir. E sempre temos que reunir outras mulheres e pedir que elas nos acompanhem até o mato", afirma.
O hábito é especialmente perigoso diante as ondas de calor no país. Em Nova Déli, as temperaturas passam de 40 graus no verão. O pesquisador Gulrez Shah Azhar,da RAND Corporation, dos Estados Unidos, constatou em estudo realizado em 2010 que as mulheres estavam mais vulneráveis à desidratação. "Elas se desidratam intencionalmente - e isso pode ter sérios efeitos se estiver muito quente ou se houver uma onda de calor", afirma.