© Adriano Machado / Reuters
Não teve conversa. Interpelado por Binha de São Caetano, torcedor símbolo do Esporte Clube Bahia, o presidenciável Ciro Gomes (PDT) gastou o verbo para tentar ganhar mais um eleitor.
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"Apoiei Lula por 16 anos. Isso não conta?", disse Ciro ao possível eleitor, no que foi logo retrucado: "Se Lula te apoiar, voto em você. Mas só se Lula te apoiar".
De olho no eleitorado lulista, os presidenciáveis Ciro Gomes e Guilherme Boulos (PSOL), participaram na manhã desta segunda-feira (2) do desfile cívico do 2 de Julho, data que marca a Independência da Bahia, nas ruas do centro histórico de Salvador.
Ciro chegou por volta das 7h no largo da Lapinha, concentração do cortejo, onde cumprimentou o governador da Bahia Rui Costa (PT) e o prefeito de Salvador ACM Neto (DEM). Mas não caminhou ao lado de nem um, nem do outro.
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Usando uma bota ortopédica após um acidente doméstico, deixou o cortejo ainda na concentração. Mas não sem antes cortejar eleitores petistas, pessebistas, passando pelo grupo evangélico "timbaleiros de cristo", ligados a um deputado estadual baiano.
Ao avaliar os dois partidos protagonistas da política baiana, se disse mais próximo ao PT, e reafirmou o apoio de seu partido à reeleição do governador Rui Costa.
Nacionalmente, disse estar focado na negociação com o PSB. Evitou falar sobre uma possível aliança com o DEM, mas se disse aberto a negociar com partidos fora do campo da esquerda numa "conversa em torno de compromissos", mirando a governabilidade.
"Temos que ir para a eleição olhando para o dia seguinte para transformar as promessas em compromissos verdadeiros", disse.
O prefeito de Salvador, ACM Neto (DEM), disse que o apoio a Ciro é uma possibilidade em discussão no partido, que deve definir seu futuro nas próximas duas semanas.
"A gente não pode deixar de considerar Ciro como uma hipótese, uma alternativa", disse o prefeito, que caminhou no cortejo ao lado de José Ronaldo, pré-candidato do seu partido ao governo da Bahia.
Já o ex-governador da Bahia Jaques Wagner criticou uma possível aliança de Ciro com partidos com o DEM. "É uma decisão dele. Mas, pessoalmente, acho que seria um equívoco", disse.
Outro presidenciável presente no desfile cívico, Guilherme Boulos caminhou ao lado de militantes do PSOL que carregavam uma faixa pedindo liberdade para o ex-presidente Lula, preso desde abril em Curitiba após condenação no caso do triplex do Guarujá.
Disse não ver contradição em trazer a defesa da liberdade ao ex-presidente petista como bandeira da pré-campanha: "Enquanto Lula tiver preso, essa será uma bandeira democrática no Brasil. A gente não negocia a defesa da democracia", disse.
Por outro lado, fez questão de pontuar diferenças entre o projeto político do PSOL e do PT, criticando possíveis alianças dos petistas com partidos que apoiaram o impeachment da ex-presidente Dilma.
"Precisamos de um novo modelo que enfrente privilégios de verdade. Não dá para ter aliança com golpista, dormir com o inimigo", afirmou Boulos.
As presidenciáveis Marina Silva (Rede) e Manuela D'Ávila (PCdoB) eram esperadas para o cortejo, mas acabaram não confirmando a vinda para a Bahia. Os partidos de ambas desfilaram com seus respectivos grupos, mas sem menção direta às pré-candidaturas.
Já os petistas defenderam o ex-presidente Lula, mesmo preso, como candidato à Presidência: "Nosso caminho está traçado. Vamos até a última gota de suor com Lula", disse Jaques Wagner. Com informações da Folhapress.