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O presidente eleito do México, Andrés Manuel López Obrador disse em seus primeiros pronunciamentos que buscará a conciliação do país.
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Se por um lado sinalizou que não haverá medidas radicais na economia, "nem confiscos, nem expropriações e respeito à liberdade empresarial", por outro, abriu e fechou seu discurso à multidão que o ouvia na noite de domingo (1º) dizendo que respeitará a todos, mas dará "preferência aos mais humildes e aos esquecidos, em especial, aos povos indígenas".
Afirmou que não se intrometerá na iniciativa privada. Porém, adiantou que, em seu governo, o Estado atuará na economia. AMLO também reforçou seu discurso de campanha, afirmando que seu governo será revolucionário.
"Minha gestão será a quarta revolução mexicana, depois da Independência [processo que durou de 1810 a 1821], das Reformas Liberais [também no século 19] e da Revolução Mexicana [1910]."
Segundo a contagem de votos, que seguia lenta na segunda (2), com 76,1% dos votos contabilizados, AMLO mantinha-se na dianteira com 53,1%, contra 22,5% de Ricardo Anaya (Mexico al Frente) e 16,2% de José Antonio Meade (PRI).
Os números também apontavam para uma liderança do Morena (Movimento pela Regeneração Nacional), partido de AMLO, em todas as frentes: governadores, Congresso, câmaras regionais e prefeituras.
Segundo o mais recente informe do INE (órgão eleitoral) até a conclusão desta edição (às 21h de segunda), a coalizão Juntos Faremos História, liderada pelo Morena, teria conquistado 312 das 500 vagas da Câmara dos Deputados, enquanto o PAN teria 79 e o PRI, 42. As outras vagas se dividiriam entre partidos menores.
No Senado, a coalizão também vinha liderando, com 69 vagas, contra 23 do PAN e 12 do PRI. Na Casa, há 128 assentos.
Durante a tarde, AMLO conversou por cerca de meia hora com o presidente dos EUA, Donald Trump. "Acho que a relação vai ser muito boa. Tivemos uma ótima conversa. Acho que [o mexicano] vai tentar nos ajudar com a fronteira", afirmou o republicano.
Trump disse que, durante o diálogo, mencionou a possibilidade de um acordo comercial entre Estados Unidos e México.
A seguir, AMLO deu sua versão da conversa nas redes sociais, afirmando que sugeriu um acordo abrangente para criar empregos, diminuir a imigração e melhorar a segurança.
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AMLO disse que o tom do diálogo foi respeitoso e que representantes dos dois governos irão se encontrar.
Além da questão da imigração -e do muro que Trump quer construir na fronteira com o México-, os dois países têm pela frente duras discussões comerciais.
O governo americano busca renegociar o Nafta (acordo de livre comércio da América do Norte, que inclui ainda o Canadá), que diz desfavorecer os americanos. AMLO diz querer manter seu país no acordo, desde que o México continue sendo beneficiado.
Na versão que está sendo debatida atualmente, o México perderia alguns privilégios -o que já tem causado a saída de algumas multinacionais do país.
AMLO também disse ter recebido congratulações dos líderes Emmanuel Macron (França), Justin Trudeau (Canadá), Mauricio Macri (Argentina), Sebastián Piñera (Chile) e do ditador Nicolás Maduro (Venezuela).
O mandato de López Obrador começará em 1º de dezembro. O México tem um dos processos de transferência de cargo mais longos, de cinco meses. Em cadeia nacional, o presidente Enrique Peña Nieto disse que "todas as condições para uma transição ordenada serão oferecidas pelo meu governo".Ao que AMLO agradeceu. "Nunca havia recebido de um líder do Executivo tamanha demonstração de respeito", afirmou o presidente eleito.
Nesta terça-feira (3), os líderes irão se encontrar. Segundo AMLO, suas prioridades são, além do processo de transição, a situação da negociação dos tratados internacionais -além do Nafta, López Obrador quer propor um que inclua a América Central- e a polêmica construção de um novo aeroporto para a Cidade do México. AMLO sempre se mostrou contrário ao projeto milionário com a participação do megaempresário Carlos Slim, enquanto Peña Nieto o defende. Com informações da Folhapress.