© Paulo Whitaker / Reuters
A movimentação suspeita de um caminhão no pátio de um terminal do porto de Santos levou agentes de fiscalização a apreenderem 509 quilos de cocaína na noite desta terça-feira (3). Pouco depois, outro lote, com 330 quilos, também foi flagrado num contêiner. Com as duas ações desta terça - que totalizam 839 quilos -, já ocorreram 18 grandes apreensões de cocaína no porto do litoral paulista somente neste ano, com um total de 7 toneladas da droga.
PUB
Os agentes detectaram a ação suspeita de um caminhão próximo a contêineres no terminal e deflagraram a operação, envolvendo Polícia Federal, Receita Federal, Guarda Portuária e Polícia Militar. Próximo ao local em que estava o caminhão foram achadas 16 bolsas esportivas pretas, com os 509 quilos de cocaína, num contêiner carregado de proteína de soja a granel que iria para Bilbao (Espanha), com baldeação em Antuérpia (Bélgica).
A partir da primeira apreensão, os agentes fizeram novas fiscalizações e encontraram num segundo contêiner outras oito bolsas esportivas, do mesmo tipo, e quatro sacos de ráfia, todos com cocaína e cujo peso atingiu 330 quilos. O segundo contêiner tinha como destino o porto de Valência (Espanha) e carregava papel em seu interior. As apreensões desta terça foram feitas duas semanas após outros dois contêineres contendo suco de laranja e amendoim serem abertos por esconder 828,7 quilos de cocaína no porto.
+ Mãe e filho são mortos durante troca de tiros em rodoviária no DF
O volume de drogas apreendidas tem crescido a cada ano. Em 2016, foram 10,6 toneladas de cocaína e, no ano passado, o volume alcançou 11,5 toneladas, segundo dados da Receita Federal. Lotes de produtos como açúcar, sal, café, amendoim, fubá, miúdos de frango e até cabeças de suíno com focinho têm sido utilizados para esconder cocaína que traficantes tentam enviar principalmente para a Europa a partir do porto de Santos, o principal do país e por onde passa cerca de 30% do comércio exterior brasileiro.
As quadrilhas usam geralmente volumes de fácil retirada dos contêineres, como mochilas e bolsas de viagem, para tentar infiltrar a droga. Para facilitar a retirada no porto de destino e por não haver muito tempo para a colocação nos contêineres, ela normalmente é encontrada logo ao abri-los. A contaminação, como os técnicos chamam, ocorre na maioria das vezes no trajeto até o porto, do armazém ou da empresa até chegar ao cais. Mas já houve tentativas pela via marítima também, com a droga sendo içada por navios de pequenos barcos que se aproximam nas madrugadas.
A prática mais comum, segundo agentes de repressão e funcionários ouvidos, é cooptar quem trabalha na cadeia logística, de motoristas a empregados de armazéns e empresas de navegação, para facilitar a colocação da cocaína. A Abtra (Associação Brasileira de Terminais e Recintos Alfandegados) diz que as empresas exportadoras são vítimas da ação das quadrilhas do tráfico e que apoia o que for necessário para combater o tráfico de drogas. Com informações da Folhapress.