Governador de São Paulo suspende pagamento a fornecedores

Estado tinha R$ 3 bilhões de restos a pagar, segundo relatório mais recente de execução orçamentária da Secretaria da Fazenda, de abril

© Rovena Rosa/Agência Brasil

Política Decreto 06/07/18 POR Folhapress

O governador de São Paulo, Márcio França (PSB), cancelou pagamentos de dívidas com fornecedores do estado anteriores a 2018. O decreto, inédito no governo estadual, foi publicado no Diário Oficial de 22 de junho.

PUB

O pessebista suspendeu a transferência de recursos para contratos em aberto, mesmo de obras e serviços entregues. Ficam de fora da nova regra verbas comprometidas para saúde, educação e na Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo).

O estado tinha R$ 3 bilhões de restos a pagar - como são chamadas despesas que viram o ano fiscal -, segundo relatório mais recente de execução orçamentária da Secretaria da Fazenda, de abril.

A medida afeta fornecedores que já concluíram serviços ou obras orçados em anos anteriores e que, por alguma razão, não foram quitados pelo governo. Para receber, esses credores, agora, precisarão recorrer à Justiça.

+ Após ser alvo da PF, Marun quer aprovar lei de abuso de poder

O decreto pode afetar cerca de R$ 1 bilhão em faturas em aberto, segundo dados da Fazenda tabulados pela Agesp (Associação dos Gestores Públicos do Estado de São Paulo), que representa analistas de planejamento, orçamento e finanças. O valor exclui gastos em saúde e educação.

O Palácio dos Bandeirantes afirma que a medida visa atender orientações dos tribunais de contas sobre o princípio da anualidade: as receitas e as despesas devem ser previstas com base em planos e programas com duração de um ano. "A recomendação é reduzir os restos a pagar", diz o governo. "A medida não traz possibilidade de prejuízo a nenhum fornecedor e nenhuma despesa. Todas despesas e notas comprovadas serão pagas."

A Agesp considera o decreto um avanço no controle dos gastos públicos e observa que somente as pendências que não forem justificadas ao Planejamento e à Fazenda serão canceladas. Para os analistas, a decisão ajuda a coibir o uso abusivo dos restos a pagar.

"Há uma violação grave à lei 4.320 [que trata do controle dos orçamentos e balanços da União]. Não significa que o governo esteja dando um calote, porque a pessoa prejudicada pode ir ao Judiciário. Mas vai atrasar o pagamento dessa obrigação, que sofrerá correções monetárias e virará um precatório", diz Adib Sad, presidente da Comissão de Direito Administrativo da OAB-SP.

A medida, diz Sad, não acende um alerta sobre as contas do estado -até porque, neste ano, a arrecadação tem superado a previsão orçamentária. "Pode significar uma situação financeira momentaneamente difícil ou uma eventual quebra no planejamento [de despesas]", ele comenta.

Para usar os valores retidos, o governo precisará editar novos decretos, remanejando esse recurso. A medida não esbarra na lei eleitoral e reajustes orçamentários podem ser realizados até o final do ano.

A austeridade é uma bandeira que o ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB), que deixou o cargo para França em abril, apresenta como trunfo para sua pré-candidatura à Presidência. A arrecadação voltou a crescer e as contas paulistas fecharam 2017 com superávit de R$ 5,35 bilhões.

O governo França diz ter repassado R$ 293 milhões para os municípios–a maior parte para convênios de recapeamento de asfalto. No funcionalismo, concedeu gratificações a funcionários e liberou a base no Legislativo para votar favoravelmente à emenda constitucional que aumentou o teto salarial no estado, com impacto previsto de R$ 13,4 milhões neste ano.

Na terça (3), o governador anunciou contratações de agentes da educação que foram aprovados em concurso de 2015, mas ainda não tinha sido nomeados. Na quinta (5), foram agentes penitenciários.

O Bandeirantes trabalha com a chance de fechar o ano no vermelho. Quem falou na possibilidade foi o secretário de Planejamento, Maurício Juvenal, na Comissão de Finanças da Assembleia Legislativa, no dia 26 de junho.

Isso porque o orçamento em execução considerou a venda de ações da Cesp (Companhia Energética de São Paulo)e da Sabesp. No entanto, a procura do mercado pelos ativos das estatais decepcionou.

Juvenal disse à reportagem, na semana passada, não estimar valores de um possível déficit -nos corredores do Legislativo, fala-se em R$ 4 bilhões.

José Roberto Afonso, pesquisador da FGV e especialista em contas públicas, diz que prefere não comentar o caso específico do cancelamento dos restos a pagar em São Paulo, mas afirma que a medida, na teoria, lhe parece incomum: "É estranho cancelar os restos processados, pois seriam compromissos firmes. Precisaria saber as razões. Mas, se forem reabertos no orçamento do ano seguinte como dotação do ano anterior, a transparência até seria valorizada".

Em 2004, no último dia de sua gestão na prefeitura de São Paulo, a hoje emedebista Marta Suplicy cancelou pagamentos a credores do município. O Ministério Público processou a ex-prefeita na época. No ano seguinte, primeiro do governo Serra, 12.875 credores reivindicaram suas dívidas com a administração. Com informações da Folhapress.

PARTILHE ESTA NOTÍCIA

RECOMENDADOS

fama Luto Há 19 Horas

Morre o cantor Agnaldo Rayol, aos 86 anos

esporte Peru Há 22 Horas

Tragédia no Peru: relâmpago mata jogador e fere quatro durante jogo

mundo Loteria Há 22 Horas

Homem fica milionário depois de se esquecer do almoço em casa: "Surpreso"

fama Televisão Há 20 Horas

'Pensava que ia me aposentar lá', diz Cléber Machado sobre demissão da Globo

politica Tensão Há 22 Horas

Marçal manda Bolsonaro 'cuidar da vida' e diz que o 'pau vai quebrar' se críticas continuarem

lifestyle Alívio Há 22 Horas

Três chás que evitam gases e melhoram a digestão

fama Luto Há 22 Horas

Morre o lendário produtor musical Quincy Jones, aos 91 anos

fama Saúde Há 21 Horas

James van der Beek, de 'Dawson's Creek', afirma estar com câncer colorretal

tech WhatsApp Há 22 Horas

WhatsApp recebe novidade que vai mudar forma como usa o aplicativo

mundo Catástrofe Há 21 Horas

Sobe para 10 o número de mortos após erupção de vulcão na Indonésia