© Reuters
Na Avenida Rio Branco, uma das principais vias do centro, há poucos circulares em operação. Em contrapartida, os pontos de ônibus estão lotados. No Terminal Garagem Menezes Côrtes, os balcões das empresas, que operam na zona oeste, estão fechados.
PUB
“Estou esperando faz tempo ônibus. Eu tinha ouvido falar que o fluxo de ônibus seria menor, mas que alguns circulariam. Não é o que eu estou vendo. Normalmente o terminal fica lotado de frescões [ônibus executivos], dá até para escolher em qual ir. Hoje não tem nenhum”, disse a assistente social Michele Borborema, 34 anos, que mora me Campo Grande.
Barcas, trens e metrô operam em esquemas especiais. O Metrô Rio informou que operou durante todo o dia com intervalo de quatro minutos e meio entre as composições. Segundo a SuperVia, os trens funcionam com a capacidade total e dentro da normalidade em todos os ramais. De acordo com a CCR Barcas, a operação foi reforçada, com uma viagem extra no trajeto entre a Praça XV e o bairro do Cocotá, na Ilha do Governador, zona norte da cidade.
Os ônibus do BRT (Bus Rapid Transit) Transoeste também estão funcionando com a frota reduzida. De acordo com o consórcio, 60% dos ônibus articulados estão operando entre o Eixo Santa Cruz e o Terminal Alvorada, na Barra da Tijuca, com intervalo maior do que o normal. O eixo que liga Santa Cruz a Campo Grande está com as operações suspensas por medida de segurança.
De acordo com o presidente da Rio Ônibus, Lélis Teixeira, os grevistas estão impedindo motoristas de sair das garagens. “Detectamos violência no sentido de quebrar ônibus, de forçar passageiros a descerem. Por exemplo, também estão retirando as chaves de dentro dos ônibus, deixando os coletivos parados na rua até que nosso pessoal vá providenciar a chave reserva na empresa. Isso já causa um transtorno. O movimento de hoje não é legítimo”, disse. De acordo com o sindicato, 467 veículos foram depredados.
A Federação das Empresas de Transportes de Passageiros do Estado do Rio de Janeiro (Fetranspor) repudiou, em nota, os atos de vandalismo durante a paralisação. O órgão lamenta “que a manifestação de um pequeno grupo, que sequer representa oficialmente a categoria, tenha ganhado contornos de violência, gerando prejuízos não só às empresas, mas a toda a população”. A Polícia Militar informou, em nota, que reforçou o policiamento nas proximidades das garagens das empresas de ônibus e na Avenida Brasil. A PM prendeu seis rodoviários por desobediência e perturbação do sossego alheio. Eles foram liberados em seguida.
Um acordo fechado entre o sindicato dos trabalhadores e a Rio Ônibus prevê reajuste salarial de 10% e aumento na cesta básica, passando de R$ 120 para R$ 150 com desconto de R$ 10. No entanto, um grupo de trabalhadores não concorda com os termos do acordo. De acordo com um dos representantes da comissão insatisfeita com o acordo, Hélio Teodoro, a classe reinvidica um reajuste salarial de 40% e cesta básica no valor de R$ 400, além do término da dupla função - quando o motorista também é cobrador. “Estamos abertos para negociar, mas os 10% que foram dados, nós não vamos aceitar. Vamos continuar batendo na mesma tecla até nos receberem”, disse.
Durante a madrugada, representantes da comissão dissidente montaram piquetes em todas as garagens das 44 empresas de ônibus que circulam pela capital fluminense, informando sobre a paralisação.
O Sindicato dos Motoristas e Cobradores de ônibus do Rio de Janeiro (Sintraturb-Rio) informou, em nota, que o reajuste acordado com a Rio Ônibus foi estudado com base na comparação de negociações em outros estados e a proposta foi colocada em assembleia e "aprovada por ampla maioria”. O presidente do sindicato, José Carlos Sacramento, se manifestou contra o movimento dissidente.