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Um navio com 67 pessoas resgatadas no Mar Mediterrâneo provocou nesta terça-feira (10) divergências dentro do governo italiano, fruto de uma coalizão entre o antissistema Movimento 5 Estrelas (M5S) e a ultranacionalista Liga, adversários até pouco tempo atrás.
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O caso começou quando a embarcação italiana privada Vos Thalassa resgatou, na última segunda (9), 67 deslocados externos que estavam em um barco clandestino nas águas territoriais da Líbia.
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No entanto, o Ministério do Interior, chefiado por Matteo Salvini, secretário da Liga, não queria dar autorização para o navio atracar em seu próprio país. Segundo fontes da pasta, o motivo era que o Vos Thalassa realizara o resgate quando as autoridades líbias já estavam a caminho dos migrantes.
Em seguida, a embarcação privada transferiu as pessoas para o navio Diciotti, da Guarda Costeira da Itália, mas a posição do Ministério do Interior não mudou. Segundo o ministro dos Transportes do país, Danilo Toninelli (M5S), os deslocados externos estavam "ameaçando" e "colocando em perigo" a tripulação do Vos Thalassa.
O episódio provocou uma reunião de crise em Roma, entre o premier Giuseppe Conte e os ministros da Defesa (Elisabetta Trenta), das Relações Exteriores (Enzo Moavero Milanesi) e dos Transportes (Toninelli). Salvini não participou presencialmente por causa de compromissos na Calábria.
"Falei com Salvini e esclarecemos: ele pensava que estivéssemos frente ao enésimo socorro no mar, eu expliquei que era uma intervenção de ordem pública porque houve algumas ameaças de morte à tripulação", disse Toninelli após a reunião.
Em seguida, ele anunciou que o navio da Guarda Costeira chegará à Itália na manhã desta quarta-feira (11), mas o Ministério do Interior ainda não indicou um "porto seguro". "O governo se move de modo compacto e inequívoco sobre a imigração", garantiu Salvini, negando supostas tensões no Executivo.
Desde o início do ano, a Itália já recebeu 85,2 mil deslocados externos via Mediterrâneo, queda de 80% em relação ao mesmo período de 2017. (ANSA)