© Eduardo Saraiva/ A2IMG
O soldado da Polícia Militar Leandro Prior, de 27 anos - que pediu afastamento médico após ser vítima de ataques por conta de um vídeo que circula nas redes sociais em que ele aparece fardado beijando outro homem dentro de um vagão do Metrô de São Paulo -, afirmou ter sofrido preconceito anteriormente dentro da corporação. Prior aproveitou para lembrar: "Existem gays na PM, e muitos".
PUB
“Houve um caso onde apontaram o dedo. Foi dito que ‘com ele eu não trabalho’. Foi direto, curto e grosso. E a pessoa disse: ‘você sabe por que’. [...] Os outros casos são velados, mas esse foi o único caso mais direto antes desse caso do vídeo”, contou o PM ao G1. Segundo ele, este tinha sido o único momento em que foi discriminado diretamente, pois, em geral, a discriminação acontecia de forma velada.
Em relação ao vídeo, o policial explica que já havia deixado o trabalho quando foi filmado, apesar de aparecer fardado dentro de um vagão da Linha 3-Vermelha do Metrô.
+ Roraima recebe quase 17 mil pedidos de refúgio no 1º semestre de 2018
Desde então, Prior tem recebido comentários ofensivos e até ameaças pela internet. Em uma mensagem postada no Facebook, um policial militar das Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota) diz que Prior merece morrer.
"Aqui não aceitamos um policial fardado em pleno Metrô beijando um homem na boca. Desgraçado, desonra para minha corporação. Esse tinha que morrer na pedrada! Canalha safado! Se alguém não gostar desse comentário, f* você também!", escreveu.
Por conta de declarações como esta feitas por policiais, Prior solicitou providências criminais e administrativas à Polícia Civil e Militar. "Eu tenho diversos prints, e 90% a 95% das pessoas que fazem comentário de ódio em todas as redes sociais contra a minha pessoa e a minha vida são vindas de policiais militares”, afirma.
O soldado é vítima de homofobia, mas também deve responder a um procedimento administrativo dentro da corporação. Isso porque o vídeo mostra que ele não obedeceu às regras de segurança da corporação. Ele teria deixado o coldre da arma aberto e por isso teve a arma recolhida.
De acordo com Prior, a corporação afirmou não haver nenhum regulamento que proíba manifestações de afeto fora do ambiente profissional. “Acredito que não seja proibido pelo artigo 104 da I-24 PM, onde ela permite atos de afeto fora da administração, área de administração militar”, diz o soldado.
A Secretaria da Segurança Pública (SSP) foi questionada sobre o caso, mas ainda não se posicionou.