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Utilizada como estação da Companhia Paulista de Estradas de Ferro por menos de uma década, a chamada Estaçãozinha de Jundiaí estava em processo de tombamento, para que sua arquitetura centenária pudesse ser preservada. Mas um incêndio na última segunda-feira (9) praticamente a dizimou e pesquisadores do sistema ferroviário dizem não acreditar em sua recuperação.
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Inaugurada em 1º de abril de 1898, a Jundiaí-Paulista -nome oficial da estação-, foi consumida pelo fogo, que destruiu telhado, madeiramento, janelas e uma parede.
Um vídeo da estação em chamas teve mais de 369 mil visualizações em redes sociais e provocou os mais variados comentários, todos críticos ao que consideram descaso com o patrimônio público.
Ela foi utilizada por passageiros da Paulista entre 1898, quando foi aberta, e 1907. A partir de então, os usuários começaram a embarcar e desembarcar numa estação da São Paulo Railway, distante 800 m do local.
"Estava num estado razoável para uma estação fechada, ou invadida, há 30 anos. É uma pena, era muito bonita e não sobrou nada. Ninguém vai construir nada ali. Menos uma [estação]", afirmou o pesquisador Ralph Giesbrecht, que há mais de duas décadas estuda o tema.
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De acordo com ele, a estação tem importância histórica por preservar a arquitetura típica da Companhia Paulista, apesar de modificações feitas ao longo de sua existência.
Ele disse ainda estar acostumado a ver problemas em estações como o ocorrido em Jundiaí e que, normalmente, os incêndios são criminosos ou provocados por pessoas que invadem os locais.
"Havia uma pessoa que morava na estação, mas morreu neste ano. Aí ela ficou, mesmo, abandonada. Fica fácil qualquer um entrar e de problemas acontecerem", afirmou ele, que disse não crer que se chegue a um culpado pela destruição do patrimônio.
O local pertence ao Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes), que foi informado pela UGC (Unidade de Gestão de Cultura) de Jundiaí sobre o incêndio.
O tombamento estava em processo em duas instâncias: no Compac (conselho municipal) e no Condephaat (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico. Isso, segundo a UGC, "garante a sua proteção no que diz respeito à não demolição e à reconstrução".
Um relatório fotográfico da situação do prédio após o incêndio está sendo produzido e membros dos dois conselhos foram ao local na terça-feira (10).
Conforme a prefeitura, a Guarda Municipal de Jundiaí, logo ao visualizar a fumaça pela central de monitoramento eletrônico de câmeras acionou o Corpo de Bombeiros, que foi ao local. As causas ainda são desconhecidas.
O Dnit confirmou que o imóvel é de sua propriedade e informou que entrou em contato com a Prefeitura de Jundiaí para ter detalhes sobre o incêndio.
Ainda conforme o órgão federal, o governo municipal vai enviar um relatório detalhado da ocorrência e, a partir dele, o Dnit vai se pronunciar a respeito das providências que serão tomadas. Com informações da Folhapress.