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Adul Samon, de 14 anos, foi peça fundamental para o sucesso do resgate dele e de seus 12 companheiros e o treinador da caverna na qual estiveram encurralados por diversos dias.
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O jovem era o único que falava inglês e conseguiu se comunicar com a dupla de mergulhadores britânicos que achou o grupo em uma câmara de ar da caverna, noticia o Terra.
"Quantos vocês são?", perguntou o resgatista assim que avistou os meninos aglomerados sobre uma rocha, tentando se manter distantes da água que inundou o local.
"Somos treze", respondeu o adolescente, em inglês. Segui perguntando, então, "que dia é hoje" e não tardou em dizer que todos estavam famintos. Os mergulhadores responderam: é "segunda-feira" e que o grupo já estava havia mais de uma semana na caverna.
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Os profissionais tiveram de explicar que precisavam deixar os jovens lá, porque tiveram que mergulhar para chegar até a caverna. Mas acrescentam: "Somos só dois. Mas muita gente está vindo. Mais gente está vindo aqui. Vocês são muito fortes, muito fortes."
Após dias de planejamento, no domingo (8), os primeiros quatro jovens foram resgatados. As operações continuaram na segunda e foram concluídas com sucesso nesta terça.
Em uma filmagem divulgada pelas equipes de resgate, Adul fala em tailandês: "Eu sou o Adul. Estou bem de saúde". E faz o tradicional gesto tailandês "wai" de cumprimentar - que simboliza respeito ao outro.
Não tardou para a história de vida de Samon vir à tona, enquanto a Tailândia e o mundo se mobilizavam para tentar salvar os adolescentes e o treinador, de 25 anos.
Refugiado de Mianmar
Adul Samon é originário de Wa, como é conhecida a região habitada predominantemente pelo povo e que ocupa uma parte de Mianmar e outra na China. A parte em Mianmar gozava de relativa autonomia, mas desde a década passada, é palco de um conflito armado entre rebeldes do Exército da União Wa e as tropas de Mianmar que tem provocado a fuga de milhares de pessoas para os países vizinhos.
Os pais do garoto conseguiram enviá-lo, aos 7 anos, para estudar no norte da Tailândia, onde foi acolhido por um casal de professores membros de uma igreja cristã, de acordo com a agência AFP.
Em função da falta de reconhecimento como país autônomo, não há emissão de passaportes em Wa. Samon é uma das 400 mil pessoas registradas como apátridas na Tailândia, conforme dados da Agência das Nações Unidas para Refugiados.
Sem qualquer tipo de documentação, Samon não pode se casar, arrumar um emprego, ter uma conta bancária, viajar ou votar.
Além de falar inglês, o estudante fala birmanês, tailandês e chinês.
"Ele é bom tanto nos estudos quanto nos esportes. Conquistou várias medalhas e certificados de excelência para a nossa escola", disse à AFP Phunawhit Thepsurin, diretor do colégio onde o jovem estuda.
Durante o período que estiveram presos, os meninos trocaram cartas com os parentes, transportadas pelos mergulhadores. Samon escreveu que sentia saudades dos pais e pediu para eles não se preocuparem.
"Mamãe e papai querem ver seu rosto. Estamos rezando por você e seus amigos, para que a gente possa se ver logo", responderam seus familiares.