Policial trans e gay defende PM flagrado beijando homem no Metrô de SP
Paulo Vaz diz que decidiu apoiar colega para combater o preconceito e estimular as pessoas a assumirem a sua sexualidade: 'Minha ideia é levantar a bandeira'
© Flickr / Segurança Pública SP
Brasil
Combate
14/07/18
POR Notícias Ao Minuto
O policial civil Paulo Vaz, de 33 anos, é um dos agentes que utilizaram as redes sociais para demonstrar apoio ao militar Leandro Prior, vítima de ameaças após publicação de vídeo beijando outro homem no Metrô de São Paulo.
Homem transexual e gay, Vaz é investigador da Policial Civil de São Paulo, lotado na Delegacia de Ibiúna, no interior do estado, desde abril deste ano. Ele conta que foi bem recebido na instituição.
"Eu achava que encontraria muitas barreiras, mas fiquei bastante feliz e surpreso com a recepção dos meus colegas desde o começo. Eu já sabia que há diferença entre as instituições de Polícia Militar e Polícia Civil, mas eu fiquei bastante surpreso", contou em entrevista ao G1.
Sobre a repercussão do vídeo do PM Leandro Prior, Vaz defende que, se ele realmente infringiu alguma regra, precisa ser punido, mas pondera que a medida deveria valer para todos. "Tem casal hétero que beija o namorado publicamente enquanto usa farda e nunca causou toda essa repercussão", disse.
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O policial conta que decidiu apoiar Prior para combater o preconceito, além de estimular as pessoas a assumirem a sua sexualidade: "Minha ideia é levantar a bandeira".
"A sociedade ainda tem muita homofobia e machismo enraizado e para isso a gente tem de botar a cara e aparecer mesmo, falar sobre o assunto para as pessoas perceberem que esse preconceito não precisa existir. Todo mundo aqui dentro da Segurança Pública pode inspirar outras pessoas. Quero mostrar que, se eu estou ali na polícia, qualquer um pode."
Veja post do policial civil em rede social apoiando o colega:
Eu, como investigador da Polícia Civil do Estado de São Paulo, Homem Trans e Gay, gostaria de demonstrar o meu apoio não apenas ao PM Leandro, mas todos os LGBTs que estão nas corporações policiais: vocês não estão sozinhos. Vendo seu depoimento e a falta de apoio mesmo com tantos colegas de profissão que vivem a mesma situação mas nada dizem pelo mesmo medo que atinge todos nós, pensei muito e cheguei a conclusão de que não posso me calar ou me omitir. Não quero. Porque se fosse comigo (ou qualquer outro), eu também me sentiria ajudado e fortalecido com esta demonstração. Infelizmente ainda vivemos em uma sociedade onde a homofobia e transfobia predominam, estão enraizadas. Mas não é pra isso que estamos aqui? Para servir e ajudar o mundo a evoluir? Me orgulho de ser quem sou e de cada um de vocês que ajudam a quebrar as barreiras do preconceito. Não desistam dos seus ideais, não desistam dos seus sonhos. Estamos aqui. Juntos, existimos e resistimos, e com nossos esforços, tempos melhores virão. Tempos em que a orientação sexual, a etnia, a classe social, a religião, a cor, a identidade de gênero não vai importar, mas sim o caráter, a capacidade, coração e índole de cada um, não só na Polícia mas na sociedade como um todo. Gostaria de aproveitar e agradecer à Polícia Civil do Estado de São Paulo e a Acadepol por sempre ter sido bem recebido e tratado com respeito, principalmente por colegas de profissão e professores, todos até hoje, e que assim continue sendo. Eu mesmo me surpreendi algumas vezes quando achei que seria muito mais difícil pela minha condição, e acabei encontrando dentro da corporação muitas pessoas boas, bem intencionadas e que exercem respeito e tolerância, a maioria ao contrário do que acaba parecendo quando algum preconceituoso se exalta e acaba afetando a imagem de toda uma corporação. Como todos juramos ao escolher esta profissão, acima de tudo, estamos aqui pra defender a vida. Muito obrigado. #trans #paulovaz #transman #homemtrans #policia #lgbt #ftm #gay #transguy
Uma publicação partilhada por Paulo Vaz (@popo_vaz) a 10 de Jul, 2018 às 5:50 PDT
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