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Investigações revelaram que os policiais presos na Operação Oiketipus, lidera pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) e Corregedoria da Polícia Militar de Mato Grosso do Sul, recebiam até R$ 30 mil por mês de propina para liberar o contrabando de cigarro do Paraguai no de Mato Grosso do Sul.
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Como apurado pelo G1, o pagamento variava de acordo com a patente: soldados, cabos e sargentos recebiam entre R$ 500 e R$ 3 mil por semana; já o valor pago para comandantes que faziam parte do esquema chegava a R$ 30 mil mensais.
As informações foram obtidas pelos investigadores por meio de escutas telefônicas e mensagens trocadas entre o grupo. O quartel da PM na cidade de Jardim (MS) é apontado como uma espécie de escritório do esquema.
Durante dois anos o tenente-coronel Admilson Cristaldo foi o comandante do Batalhão da PM na cidade. Ele alterava escalas e tirava policiais da rota dos contrabandistas, além de manter contato com comandantes de outros batalhões, em outros municípios, que também faziam parte do esquema.
Ainda de acordo com o G1, o tenente-coronel Cristaldo recebia um salário de cerca de R$ 17 mil e ostentava. Durante as Olimpíadas do Rio, em 2016, o oficial passou um fim de semana em um hotel 5 estrelas de Copacabana e pagou R$ 7.998,00 pelas diárias. Ele também gastou mais de R$ 25 mil em uma loja de grife em um shopping de São Paulo e adquiriu uma banheira de hidromassagem por R$ 28 mil, além de comprar uma moto de quase R$ 80 mil, que usou para viajar de Campo Grande até os Estados Unidos em janeiro.
O pagamento era feito em dinheiro vivo e à vista.
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Investigações
Segundo o Gaeco, entre 2014 e 2016, dois anos antes de Cristaldo assumir o comando do Batalhão de Jardim, a região do Boqueirão, subordinada a ele, registrou 63 apreensões de contrabando. Nos dois anos em que ele esteve na liderança, foram apenas 15.
O tenente-coronel Luciano Espíndola da Silva, que chefiava o Batalhão de Bonito (MS), e o major Oscar Leite Ribeiro, ex-subcomandante em Bela Vista (MS), também foram presos. Admilson Cristaldo teria indicado os dois oficias para os comandos regionais da polícia.
Ainda de acordo com as investigações, policiais afirmaram em depoimento que se sentiam pressionados a aderir ao esquema, ou a pedirem transferência de batalhão. Alguns dizem ter cogitado sair da corporação em razão do grau de corrupção em algumas localidades.
No Brasil, os cigarros clandestinos já representam 48% do mercado. Só no Rio de Janeiro, eles movimentaram R$ 1 bilhão em 2017. O superintende da Polícia Federal de Mato Grosso do Sul, Luciano Flores, afirma que o lucro dos cigarros é uma das principais fontes de renda de facções criminosas de várias regiões do país.