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Já a assessoria de imprensa do sindicato afirma que a greve conta com adesão de, pelo menos, 27 mil professores do estado, o que equivale a 30% do total. O número é 100 vezes maior que a quantia declarada pela secretaria.
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"Estamos construindo um grande ato para o dia 21 de toda a [área da] Educação, unindo servidores federais da educação, a rede estadual de educação e as redes municipais. A tendência é que o movimento cresça", disse a coordenadora do Sepe, Suzana Gutierrez, que discorda da contagem do governo.
Segundo a coordenadora, a adesão à greve é maior nas redes municipais do Rio, com 60%, de São Gonçalo, com 80%, e de Duque de Caxias, com 90%. Em Niterói, foi iniciada hoje uma paralisação de 72 horas e o primeiro balanço da adesão deve ser divulgado pelo sindicato no fim do dia.
Os professores do estado reivindicam mudanças no currículo escolar, reajuste de 20%, redução da jornada semanal de trabalho dos funcionários administrativos para 30 horas e reserva de um terço da carga horária para preparar aula. A Secretaria Estadual de Educação afirma já cumprir esta última demanda, argumenta que planeja um aumento de cerca de 8% e que não pode reduzir jornada de trabalho sem diminuir os salários.
No Rio de Janeiro, a greve dos rodoviários dificultou a locomoção e também provocou mais faltas nas escolas. Leila Oliveira, 44, conta que ligou para a escola da filha, em Paciência, na zona oeste da cidade, para saber se haveria aula. "Eles disseram que alguns professores não iriam porque tinham dificuldades com a condução, mas que fariam uma atividade com as crianças. Minha filha foi, viu que só iam passar um filme e voltou", relatou.
Filha de Leila, Clara Ramos, de 14 anos, conta que ontem sua turma teve apenas três dos cinco tempos de aula, mas ela não chegou a ir para a escola com medo de perder a viagem. "Um professor, na semana passada, chegou a falar que teria greve. Ele aderiria, mas os outros não falaram nada", disse.
Moradora de Santa Cruz, a diarista Cíntia Marques levou os dois filhos para a escola nesta manhã, mas eles não tiveram aula. Com as crianças no quarto ano, ela não poupa queixas à escola. "A escola é muito ruim. Eles colocam os alunos maiores na mesma escola que os menores e todos os dias eles veem vandalismo e brigas. Um dia, os mais velhos invadiram a sala deles, rasgaram os cadernos e picharam as paredes".
Também insatisfeita a escola de seu filho de 14 anos, a auxiliar de serviços gerais torce para que ele acabe o ensino fundamental neste ano, para que possa mudar de colégio. "Estou dando graças a Deus que ele vai sair. A escola é em tempo integral, mas o mesmo professor dá aula de português, história e geografia. Como é que pode isso?", questionou.