Os restos carbonizados de um pão achatado que teria sido assado há cerca de 14.400 anos foram encontrados numa lareira de pedra num local arqueológico a nordeste da Jordânia.
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A descoberta é muito marcante pois significa que as pessoas começaram a fazer pão, uma comida considerada como indispensável hoje em dia, um milênio antes de terem desenvolvido sistemas agrícolas.
A descoberta foi detalhada esta segunda-feira(16), e demonstra que os recoletores no Mediterrâneo Oriental atingiram a meta cultural de fazer pão bem antes do que era conhecido até aqui, mais de 4.000 anos antes do cultivo de plantas acontecer.
Os pedaços encontrados faziam parte de um pão achatado, provavelmente sem fermento, descrito como sendo um pão pita. Era feito de cereais selvagens como cevada, trigo ou aveia, bem como de tubérculos de um 'primo' do papiro aquático, que eram moídos até se tornarem farinha.
A primeira civilização a fazer este pão foram os natufianos, um tipo de povo que começou a tomar o sedentarismo como modo de vida, substituindo os nômades.
"A descoberta de pão num local arqueológico com esta idade é excecional", explicou Amaia Arranz-Otaegui, a autora principal da investigação publicada na revista Proceedings of the National Academy of Sciences, acrescentando que até agora as origens do pão tinham sido associadas com as primeiras sociedades agrícolas, que já faziam cultivo de cereais e legumes, mas que tinham surgido mais tarde.
"É possível que o pão possa ter funcionado como incentivo para que as pessoas aprofundassem o cultivo", referiu ainda.
"O gosto dos tubérculos é bastante forte e salgado. Mas também um pouco doce" explicou Amaia, revelando que os investigadores estão agora em processo de conseguir reproduzir a receita do pão e que já foram bem sucedidos a fazer a farinha, mas que deverá ter de ser um gosto adquirido.
A mais antiga descoberta de pão, antes deste, tinha sido feita na Turquia e datava de 9.100 anos.