© Divulgação
Ex-curador do Prêmio Jabuti e diretor da Educ, da PUC-SP, José Luiz Goldfarb, de 61 anos, foi acusado de racismo durante a Flip 2018. Segundo Sara Cristina Trajano da Silva, de 24 anos, secretária da editora Patuá, os dois se desentenderam quando o editor quis transferir sua mesa de debates para o jardim da Casa Desejo, onde o evento aconteceria. Diante da negativa de Sara, ele teria proferido a ofensa. As informações são do O Globo.
PUB
"É por causa de pessoas como você, da cor morena, que o mundo está assim", disse Goldfarb, segundo Trajano.
+ Museu da Língua Portuguesa voltará mais globalizado em 2019
"Estou extasiada. Eu e minha amiga ficamos sem reação na hora. Ele já vinha sendo muito grosso e ríspido comigo desde terça-feira. Daí ele descontou de forma estudada. Ele chegou a me peitar, a encostar em mim. E disse que por causa de pessoas da minha cor que o mundo está ruim deste jeito", contou a secretária.
Goldfarb confirmou que a discussão aconteceu, mas negou que tenha ofendido Sara. "Disse a ela que não esperava uma atitude tão autoritária dela. E o que falei foi que as pessoas progressistas com atitudes autoritárias estão deixando o mundo do jeito que está. Mas sou a última pessoa que pode ser acusada de racismo. Só estava tentando mudar o lugar da mesa, para mim era algo extremamente simples. Honestamente, minha vontade era me sentar com a Sara e pedir desculpas", contou ele.
A Flip se manifestou sobre o caso através de comunicado, dizendo que "repudia todo e qualquer ato de violência, racismo e discriminação e, diante do fato, recomendou aos organizadores da Casa do Desejo que peçam a substituição do representante da editora da PUC-SP em seu espaço. A organização da Festa Literária seguirá no acompanhamento do caso nos próximos dias."
A escritora, filósofa e uma das vozes mais contundentes do feminisno negro, Djamila Ribeiro, também comentou o caso em seu Facebook. "Absurdo o desrespeito da Casa do Desejo com autoras negras e mais absurdo ter se manifestado timidamente em relação ao caso de racismo de Goldfarb com Sara Trajano. Em virtude disso, cancelaremos a participação de autoras da coleção Feminismos Plurais nesse espaço", disse Ribeiro.
Sara foi à 167ª Delegacia de Polícia (Paraty) para fazer o Boletim de Ocorrência.