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Baseado em uma história real, estreia na próxima quinta-feira (2) o filme brasileiro "O Nome da Morte", que conta a trajetória do pistoleiro Júlio Santana, assassino confesso de 492 pessoas. O matador é interpretado por Marco Pigossi, 29.
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Em meio a um clima de adrenalina e suspense, o espectador é apresentado a um homem bom, que tem um trabalho incomum. Santana é um garoto pobre que vive no interior com sua família e é levado para a cidade grande por seu tio Cícero (André Mattos) para trabalhar.
"Com uma pontaria dessa, eu estaria rico", diz Cícero ao sobrinho. Por lealdade ao tio e também por amor, Santana abraça a profissão para a qual inclusive tem vocação.
Apesar das cenas violentas e dos momentos de tensão, para o diretor Henrique Goldman, "O Nome da Morte" é um filme sobre a vida e o amor. "Júlio começa a matar por amor e para de matar por amor também", afirma. "As mortes e a violência estão ali porque a vida deveria ser respeitada", diz.
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Durante seu primeiro serviço, Santana é tomado pela culpa. Religioso, o pistoleiro vai à igreja e pede perdão a Deus por seus pecados. Bom filho, bom pai e bom marido, o personagem é carregado de contrapontos -e este foi o maior desafio do diretor do elenco.
Para Pigossi, é difícil defender seu personagem. "Eu condeno tudo o que o Júlio fez, mas ele é uma vítima da falta de consumo de cultura, de educação e de perspectiva", diz. "Ele se acostuma com aquilo, porque ele não tinha prazer em matar, ele não é um psicopata", conclui.
O ator espera que "O Nome da Morte" possa levantar um debate sobre violência no país. "Esse filme é uma denúncia de uma coisa que acontece até hoje. Somos um país que mata mulheres, LGBTs. Isso é uma loucura", diz. "É muito assustador, a gente precisa falar sobre isso e tomara que esse filme traga esse diálogo."
Fabíula Nascimento, que interpreta a mulher de Santana, Maria, também afirma que foi difícil ficar ao lado de sua personagem. "Foi um processo muito forte de não julgamento dela", diz.
BASEADO EM FATOS REAIS
A inspiração para o longa veio do livro de mesmo nome do jornalista Klester Cavalcanti. Segundo o autor, todos os nomes publicados são verdadeiros, inclusive do pistoleiro, que autorizou a publicação.
Cavalcanti descobriu a história de Júlio Santana em 1999. O contato com o personagem foi feito por telefone: Cavalcante e Santana se falaram uma vez por mês durante sete anos. "Quanto mais eu falava com ele, mais eu via que a história era fantástica.
O que era para ser uma reportagem virou um livro e, depois, um filme bastante fiel. "Tem muita coisa que você precisa adaptar em um filme, mas a essência do Júlio Santana está ali", diz. "V er tudo isso na tela é maravilhoso."
O autor conheceu Santana pessoalmente em 2006. "Ele é uma figura muito mais rica do ponto de vista humano", conta. "Ele não é um serial killer, ele é um profissional. Muitas vezes ele me disse: ' Você é pago pra escrever, eu sou pago pra matar'."
Para o jornalista, os atores Marco Pigossi e Fabíula Nascimento conseguiram traduzir na tela a harmonia familiar dos personagens que existe na vida real: "O Júlio é um cara carinhoso, respeitável com a mulher, com o filho. Tem a cena em que a mãe dá uma bronca no menino e ele tenta conciliar. Isso foi exatamente como é. O perfil dele calado no trabalho também é exatamente assim."
PIGOSSI SE AVENTURA NA NETFLIX
Com dez novelas no currículo, "O Nome da Morte" foi o primeiro filme da carreira de Pigossi. Sem contrato renovado com a Globo, o ator estará em duas séries da Netflix: "Tidelands", gravada na Austrália, e "Cidades Invisíveis", do diretor Carlos Saldanha.
Algo que nem sempre ocorreu com seus personagens na televisão, nas séries e no filme, seus papéis têm começo, meio e fim bem definidos. "Os dois processos são muito ricos", diz o ator. "É muito legal ter a certeza e a clareza do arco dramático do personagem, mas é interessante estar aberto também", finaliza.