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Os comentários do candidato à Presidência Jair Bolsonaro (PSL) sobre a morte do jornalista Vladimir Herzog (1937-1975) e a ditadura militar no Brasil (1964-1985) foram interpretados como um "factoide político" de "uma aberração do sistema eleitoral" pelo filho mais velhos do jornalista, Ivo Herzog. As declarações do político foram feitas em sabatina no programa 'Roda Viva', da TV Cultura, na noite dessa segunda-feira (30).
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O engenheiro e presidente do conselho do Instituto Vladimir Herzog, hoje com 51 anos, tinha 9 quando o pai foi assassinado no Dops (Departamento de Ordem Política e Social), em 1975, um dia depois de ter sido levado para depor sobre suposta relação com o PCB.
Na época, o governo militar classificou a morte como suicídio, mas depois de três anos a Justiça reconheceu que houve tortura e assassinato.
Mesmo assim, quando questionado sobre a morte de Herzog, o presidenciável comparou com um caso em que um homem teria aparecido em condições semelhantes à do jornalista após ser preso por tráfico de crianças, em Goiânia, e foi considerado suicídio. "Por que para um lado é execução e para o outro não?", questionou. Ao ser perguntado sobre a reabertura das investigações pelo MPF, ele disse que "geralmente esses órgãos têm viés de esquerda". Esta não foi a primeira vez que o candidato afirmou publicamente que Herzog se suicidou.
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Ao site UOL, Ivo Herzog disse nesta terça-feira (31) que as declarações do político são "uma negação da história documentada". "Bolsonaro é uma fumaça que veio e está sujando a nossa vida, mas vai passar, o mundo continua", afirmou.
É chocante como, quase na reta final de um processo eleitoral, haja esse nível de despreparo de um sujeito que quer ser presidente do país. Ele não foi capaz de responder a mais de 80% das perguntas. (...) Bolsonaro é uma aberração desse modelo político e vem se destacando por ser essa figura 'bisonha' e horrível, que, por outro lado, tenho certeza de que é uma fumaça que vai sumir e desaparecer."
Outro lado
A assessoria da campanha de Bolsonaro lamentou, em nota, as colocação de Ivo Herzog: "Uma pena a linha que estão querendo seguir. O eleitor não merecia uma campanha desse nível. Nós não vamos dar ênfase a estas questões. Estamos dispostos a falar com a imprensa, mas uma abordagem onde o eleitor esteja sendo considerado -- e com certeza o que o eleitor quer saber é quais são as propostas dos presidenciáveis pra tirar o Brasil da situação que se encontra."
Bolsonaro está em segundo lugar nas pesquisas de intenção de voto para o Planalto. No cenário sem o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), ele lidera.