© Ricardo Ramos
Entre maio e junho deste ano, pelo menos quatro casos de suicídio entre estudantes da USP foram registrados e as ocorrências levaram à criação de um Escritório de Saúde Mental na universidade.
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O vice-diretor do Instituto de Psicologia e coordenador do programa, Andrés Eduardo Aguirre Antúnez, explica que os alunos de todos os campi da USP terão acesso ao escritório por meio de plataforma na qual o estudante realizará um primeiro contato para orientação. Eventualmente, serão agendadas também reuniões presenciais.
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Em entrevista à Folha de S. Paulo, Antúnez afirma que o escritório terá um espaço provisório na Superintendência de Assistência Social da USP.
Esta é a primeira vez que a Universidade de São Paulo tem uma ferramenta unificada de assistência psicológica.
A Faculdade de Medicina, a de Odontologia e o Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação possuem iniciativas próprias para serviços de atendimento psicológico.
As principais dificuldades relatadas por estudantes são carga horária, relação com colegas e professores, pressão por notas e cobranças, diz Lígia Blois, 20, estudante de engenharia civil que integra a Frente Universitária de Saúde Mental (FUSM).
"É muito sério quando os alunos adoecem e têm que ir para casa porque, dentro da universidade, não existe espaço, apoio ou algo que os estimulem a ficar ali", afirma a aluna Luiza Burgareli.
A reportagem alerta que, no Brasil, o suicídio é a quarta causa de morte entre jovens. Fatores psíquicos como culpa excessiva e exigências internas estão associados a suicídios, segundo destaca o psicanalista e psiquiatra do Instituto de Psiquiatria (IPq) do Hospital das Clínicas Gustavo Gil Alarcão. "Suicídio é um ato limite, complexo, em que a pessoa age com muita violência contra si mesma. Em geral, há um superdimensionamento da culpa, como se ela fosse responsável por uma série de coisas que no fundo não é."