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Os resultados de Santander, Bradesco e Itaú para o segundo trimestre mostram que a concessão de crédito continua crescendo, mas os dados deixaram a sensação entre alguns gestores de que, não fosse a forte incerteza desse ano eleitoral, a alta poderia ter sido mais expressiva.
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A avaliação vem, principalmente, dos dados da inadimplência, que recuaram mostrando que as instituições conseguiram limpar os balanços, depois dos anos de recessão.
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No Santander, o índice de inadimplência superior a 90 dias ficou na mínima histórica de 2,8%. O índice do Bradesco apresentou melhora pelo quinto trimestre consecutivo, para 3,92%. E no Itaú, maior banco privado do país, a inadimplência caiu para 3,4%.
Eduardo Nishio, analista do setor financeiro do Brasil Plural, faz as ressalvas de que os três principais bancos privados do país vivem momentos distintos.
"O Bradesco está focado ainda em captar sinergias com a compra do HSBC. O Santander vem numa trajetória muito forte e impressionante de crescimento no varejo, tentando capturar mercado", diz. "Já o Itaú parece estar esperando um pouco mais um cenário eleitoral mais claro para decidir se foca na maior expansão do negócio, ou repete os dividendos expressivos do ano passado" afirma.
Ainda assim, Nishio diz que os resultados continuaram sólidos. "Uma questão é o impacto da Selic mais baixa nos spreads e nas margens dos negócios. Mas os números continuam fortes porque os bancos têm muitas fontes de receitas", avalia.
A carteira de crédito do Santander cresceu 4% do primeiro para o segundo trimestre e somou R$ 290,5 bilhões.
Apesar do expressivo desempenho no varejo, o banco apresentou estabilidade do ponto de vista das empresas. Em conversa com a imprensa, o presidente do banco, Sergio Rial, afirmou que no segmento de grandes empresas a estabilidade estava atrelada à necessidade de definição eleitoral, uma vez que as companhias estão em um momento de planejar negócios no longo prazo.
Em relatório, o analista do Bradesco, Rafael Frade, escreveu que os níveis de créditos vencidos e não pagos do Santander devem se deteriorar no longo prazo. Por enquanto, esse indicador do banco continua estável, beneficiando-se também do alto crescimento da carteira. Mas, a partir da metade de 2019, ele calcula, quando se espera que a carteira de varejo do banco passe a crescer menos, esse índice tende a pesar mais no todo.
No curto prazo, a expectativa do analista é que a concessão de crédito do banco continue crescendo, o que deve sustentar a lucratividade.
A ação do Santander subiu com força após o resultado, mas os papéis não tem boa liquidez, uma vez que apenas 10% do banco está em circulação na Bolsa. De qualquer forma, como foi o primeiro banco a apresentar os resultados, criou-se grande expectativa para os números de Itaú e Bradesco, que não vieram tão fortes.
EFEITO CAMBIAL
Em relatório, o BTG Pactual avaliou que o lucro reportado pelo Bradesco -R$ 5,2 bilhões de abril a junho, alta de 9,7% ante mesmo período de 2017- decepcionou ligeiramente. O avanço no crédito, por outro lado, foi considerado "decente" e o maior destaque positivo, segundo o banco de investimentos, foi, "sem sombra de dúvidas", a melhora na qualidade dos ativos.
A carteira de crédito expandida do Bradesco no trimestre foi de R$ 515,6 bilhões, um crescimento de 6% na comparação trimestral e de 4,5% na base anual.
A alta foi impulsionada pelo desempenho no financiamento para empresas, que subiu 7,8% de um trimestre para o outro, somando R$ 332,8 bilhões.
Modalidades como capital de giro e repasses do BNDES registraram queda, mas operações no exterior e financiamento à exportação apresentaram melhora, influenciados pela desvalorização do real no período.
De acordo com o Bank of America, a carteira teria aumentado 3% em relação ao ano anterior se os benefícios da variação cambial fossem excluídos.
"A variação cambial tem um efeito na carteira, mas também tivemos originações mais fortes. O segmento, porém, ainda é afetado por um ritmo lento de investimentos. E as eleições podem ter impacto nisso, porque os investimentos das empresas ficam em compasso de espera", disse Carlos Firetti, diretor de relações com o mercado do Bradesco, em teleconferência.
Apesar da queda na inadimplência, o Itaú aumentou em 3,9% as despesas com provisões em caso de calote (PDD), de R$ 4,1 bilhões no primeiro trimestre para R$ 4,3 bilhões agora. O banco alegou que o aumento está relacionado com o crescimento da carteira de varejo, mas disse que a melhora no desempenho das empresas pode levar a revisões na PDD.
O desempenho do Itaú também veio um pouco abaixo das expectativas do Banco Safra, mas o analista Luis Azevedo disse que uma carteira de empréstimos de qualidade, a melhora no mix de produtos e o crescimento das receitas de serviços devem sustentar fortes lucros. Com informações da Folhapress.