© Foto: Marcos Santos/USP Imagens
O Copom (Comitê de Política Monetária) decidiu manter nesta quarta-feira (1º) a taxa básica de juros da economia em 6,5%, na mínima histórica.
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A decisão foi unânime e era esperada por 36 dos 38 economistas ouvidos pela agência de notícias Bloomberg.
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Essa é a terceira manutenção seguida da Selic, após ao Banco Central pegar o mercado de surpresa e encerrar em maio o ciclo de cortes.
"Indicadores recentes da atividade econômica refletem os efeitos da paralisação no setor de transporte de cargas, mas há evidências de recuperação subsequente. O cenário básico contempla continuidade do processo de recuperação da economia brasileira, em ritmo mais gradual do que aquele esperado antes da paralisação", disse o BC em comunicado.
O anúncio do BC se dá após a aceleração da inflação em junho, devido à paralisação de caminhoneiros, e fortalecimento do dólar ante o real. Esses fatores, no entanto, trouxeram certo alívio em julho.
O IPCA, índice oficial de inflação, teve alta de 1,26% em junho, a maior para o mês desde 1995, mas o IPCA-15 de julho (prévia da inflação) já desacelerou para 0,64%.
"A inflação do mês de junho refletiu os efeitos altistas significativos da paralisação no setor de transporte de cargas e de outros ajustes de preços relativos. Dados recentes corroboram a visão de que esses efeitos devem ser temporários. As medidas de inflação subjacente ainda seguem em níveis baixos, inclusive os componentes mais sensíveis ao ciclo econômico e à política monetária", afirma o comunicado.
O dólar, que fechou junho em alta de 4,04% ante o real, terminou julho em queda de 3,5%.
"O cenário externo apresentou certa acomodação no período recente, mas segue mais desafiador. Os principais riscos estão associados à normalização das taxas de juros em algumas economias avançadas e a incertezas referentes ao comércio global. O apetite ao risco em relação a economias emergentes manteve-se relativamente estável, em nível aquém do observado no início do ano", diz o comunicado.
Nesta quarta, o Federal Reserve (banco central dos EUA), manteve a taxa de juros no intervalo entre 1,75% e 2%, conforme o esperado pelo mercado. Mas o Fed mudou o tom do comunicado ao indicar que a economia americana está forte, o que reforça a expectativa de um novo aumento de juros no encontro de setembro.
Taxas de juros maiores nos EUA atraem para o mercado americano fluxos de capital alocados em outras praças, consideradas mais de risco, mas, por isso, com potencial de rentabilidade maior, como o Brasil.
Apesar de indicações recentes mais positivas no câmbio e na inflação, o ritmo do crescimento econômico brasileiro continua fraco.
No início de julho, o governo anunciou a redução de sua projeção para o PIB (Produto Interno Bruto) de 2,5% para 1,6% em 2018.
As previsões entre economistas consultados pelo Boletim Focus, do BC, caiu para 1,5% -há um mês estava em 1,55%. O documento também projeta inflação mais alta, em 4,11%, do que a de quatro semanas atrás, mas ainda abaixo da meta de inflação de 4,5% ao ano.
O Comitê de Acompanhamento Macroeconômico da Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais) também reduziu nesta quarta sua estimativa de crescimento do PIB de 2018 para 1,5%. Essa é a terceira sinalização consecutiva de corte nas projeções do grupo: em maio já havia passado de 3% para 2,4% e, na última reunião, em junho, a previsão chegou a 1,6%.
"A economia brasileira continua apresentando baixo dinamismo e grande ociosidade. Além disso, enxergamos poucos fatores que podem estimular uma recuperação no curto prazo. As melhoras na construção civil e no mercado de trabalho não mostraram continuidade, o que nos fez ajustar para baixo a previsão de crescimento deste ano", afirmou Marcelo Carvalho, presidente do comitê. Com informações da Folhapress.