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Não é surpresa para ninguém que a melhor forma de prevenir o câncer de pele e os danos causados pela radiação solar é através do uso diário de fotoprotetor. Porém, o que poucos sabem é que o produto apenas se torna eficiente quando aplicado na quantidade correta, o que, segundo estudo recente publicado na revista médica “Acta Dermato-Venereologica”, não acontece. Neste estudo, os pesquisadores apontaram que, nos testes de fabricantes, é aplicada uma camada de 2 miligramas de fotoprotetor por centímetro quadrado de pele para alcançar o fator de proteção solar indicado na embalagem.
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O problema é que no dia-a-dia está é uma quantidade complicada de ser medida. Dessa forma, a grande maioria das pessoas acaba usando apenas 0,75 mg de fotoprotetor por cm² de pele, ou seja, menos da metade da quantidade recomendada, o que diminui a eficiência do produto, nos deixando expostos aos danos da radiação UV.
Aqui no Brasil, segundo pesquisa recente liderada pelo consultor e pesquisador em Cosmetologia Lucas Portilho, farmacêutico e diretor científico do Instituto de Cosmetologia e Ciências da Pele, 80% dos brasileiros não têm a mínima ideia de qual a quantidade correta de protetor solar que deve ser aplicada. “Se uma pessoa aplica metade da quantidade recomendada de um filtro com FPS 30, ela recebe a proteção equivalente à de um FPS 8. E o pior é que, por achar que está protegida, ela acaba aumentando sua exposição ao sol, o que pode levar a uma lesão celular”, explica o especialista.
“Outro dado importante levantado durante a pesquisa é que, dentre os 1793 entrevistados, apenas 27,5% aplicam filtro solar diariamente, o que representa uma queda de 15% em comparação ao ano de 2014, e apenas 45% dos entrevistados reaplicam o produto, o que é de extrema importância, já que, com o tempo, as substâncias químicas presentes nos filtros se degradam e perdem sua função de proteção.”
A pesquisa também apontou que metade dos entrevistados não levam em conta o fator de proteção contra os raios UVA na hora de escolher um filtro solar, sendo que esta radiação está presente na natureza em níveis muito maiores e mais expressivos que a radiação UVB. Segundo o farmacêutico, diferente da UVB, a radiação UVA consegue atravessar vidros e janelas e penetrar profundamente na pele, chegando até a derme, camada mais profunda da pele e onde se localizam as fibras de colágeno e elastina, gerando assim uma quantidade altíssima de radicais livres.
Estes radicais livres causam o aumento da degradação das fibras de colágeno e elastina, que dão sustentação à pele, sendo as principais responsáveis pelo fotoenvelhecimento, incluindo rugas, linhas de expressão, flacidez e manchas. “Para que um protetor solar seja eficiente e seguro, ele não deve prevenir apenas contra os raios UVB. A proteção completa se dá pela combinação entre os ativos protetores de UVA + UVB. Enquanto o FPS é responsável pela proteção contra os raios UVB, o fator de proteção UVA tem a sigla PPD e deve corresponder a pelo menos 1/3 do valor do FPS”, completa.
Além disso, 48% dos entrevistados disseram que não aplicam o fotoprotetor em dias nublados, um erro comum, porém perigoso, já que a intensidade da radiação não está totalmente relacionada com o clima. “A medida relacionada com a fotoproteção é o índice ultravioleta. Em climas nublados, a radiação consegue atravessar as nuvens, então mesmo assim precisamos de proteção para não ficarmos expostos”, comenta o especialista. De acordo com o pesquisador, os dados são alarmantes, ainda mais com o aumento do número de casos de câncer de pele no Brasil. “De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (INCA), são registrados cerca de 180 mil novos casos a cada ano. Por isso, são necessárias medidas de larga escala para esclarecer à população sobre os malefícios da radiação UV e sobre o uso correto dos filtros solares.”