© Sergio Moraes/Reuters
Paulo Guedes é um nome frequente durante sabatinas e debates com deputado federal Jair Bolsonaro, candidato do PSL ao Planalto. Quando o assunto é economia, o político se limita a dizer que Guedes vai decidir. Mas, afinal, quem é Paulo Guedes.
PUB
O primeiro encontro da dupla aconteceu em 13 de novembro de 2017 e foi intermediado pela presidente do Instituto Resgata Brasil, Beatriz Kicis. “Ele [Guedes] disse que havia sido sondado por todos os governos desde Delfim Netto, mas que só agora via a possibilidade de um casamento entre a ordem, representada por Bolsonaro, e o progresso, representado por ele mesmo”, contou Beatriz à 'Veja'.
Desde então, Bolsonaro e Guedes se reúnem com frequência. O presidenciável afirma que o economista é o seu “Posto Ipiranga”, em alusão ao comercial de TV.
Paulo Guedes é o principal assessor econômico e possível ministro da Economia no caso de vitória de Bolsonaro. O economista é Ph.D. pela Universidade de Chicago, nos Estados Unidos, conhecida por formar importantes economistas ultraliberais, como Milton Friedman e Thomas Sargent.
Com 68 anos, Guedes tem experiência na carreira política. Ele já assessorou o então candidato à Presidência Guilherme Afif Domingos, em 1989, sendo um crítico dos planos econômicos da época, incluindo o Real.
+ Ação pede que TSE barre candidatura de Bolsonaro
O economista fez fortuna no ramo financeiro no Rio de Janeiro, embora tenha iniciado a sua carreira na academia. Ele foi professor universitário da PUC-Rio, Fundação Getulio Vargas e Instituto de Matemática Pura e Aplicada (Impa), até receber um convite para lecionar na Universidade do Chile, no momento em que o país vizinho vivia o auge da ditadura com Augusto Pinochet.
“O reitor me ligou oferecendo salário de 10 000 dólares. Eu ganhava o equivalente a 3 000 dólares dando aulas em três faculdades. Foi uma proposta irrecusável”, contou em entrevista à revista. Seis meses depois, após a polícia política de Pinochet fazer uma inspeção em sua sala na universidade, que ele considerou abusiva, e um terremoto assustar a sua família, o economista decidiu retornar para o Rio de Janeiro.
Em 1983, ao participar de uma reunião do FMI nos Estados Unidos, o banqueiro Luiz Cezar Fernandes o convidou para abrir a corretora e hoje Banco Pactual, onde passou 15 anos. “Eu queria um banco de investimentos. O Luiz Cezar queria um banco comercial. Preferi sair”, explica Guedes.
De 1998 a 2003, o economista atuou no Ibmec, órgão de pesquisa voltado para o mercado financeiro, de onde saiu também por conta de divergências na estratégia. Nos cinco anos seguintes, Guedes investiu na Abril Educação com Roberto e Giancarlo Civita, donos da Editora Abril. Em 2006, criou a BR Investimentos, que, em 2013, foi comprada pela Bozano Investimentos.
Hoje, o economista divide o seu tempo entre a Bozano e a assessoria de Bolsonaro. Guedes acredita que o deputado, que construiu sua carreira como estatista, tenha se transformado num liberal-democrata, mesmo elogiando a ditadura militar.
O economista garante que está com “Bolsonaro 100%” e, em alguns momentos, sente como se fosse ele próprio o candidato a presidente.
Pessoas próximas a Guedes dizem que ele tem temperamento forte, é falante e defende os seus argumentos com ênfase e palavrões. Ainda de acordo com a reportagem, o economista não é de “grandes luxos”. Vai a jantares, mas raramente toma um vinho, é fã dos Beatles, aprecia ir a shows de música e prefere circular de Uber ou táxi a dirigir o próprio carro. Ele toca piano e lê três livros por semana ao mesmo tempo.
O temperamento forte de Bolsonaro e Guedes tem sido alvo de questionamentos ao presidenciável. Jornalistas perguntam se o deputado tem um "plano B", no caso da parceria falhar. Bolsonaro aposta na aliança e não tem uma alternativa para a economia se a dupla romper.
+ Participe: campanha do Notícias ao Minuto dá iPhone X de R$ 7.799