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A inflação dos 12 meses encerrados em julho para as famílias de renda mais alta no país superou a meta de 4,5% do governo, segundo apurou o Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) com base nos dados oficiais de inflação do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
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Segundo o instituto, a inflação para as famílias com renda domiciliar a partir de R$ 9.000 atingiu 5,2%, considerado o período de 12 meses encerrados em julho.
Esse percentual é menor, por exemplo, do verificado entre famílias de renda baixa ou muito baixa, que registraram inflação de 3,5% no mesmo período.
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As famílias consideradas de renda baixa ou muito baixa são aquelas com rendimento domiciliar de até R$ 900 e de R$ 900 a 1.350 por mês, respectivamente.
Já o IPCA (Índices de Preços ao Consumidor Amplo), índice oficial de inflação, foi a 4,48% em julho, considerado o período acumulado em 12 meses.
O IBGE faz um levantamento de uma cesta de consumo básica para chegar à inflação média oficial do país.
Já o Ipea analisa essa cesta de consumo médio e separa os itens mais consumidos pelas diferentes classes de renda encontrados no Brasil.
O Ipea ressalta que a aceleração da inflação geral no segundo trimestre deste ano teve impacto de questões pontuais como a paralisação dos caminhoneiros, a alta das tarifas de energia elétrica, a desvalorização do real frente ao dólar e elementos que pressionaram o preço dos alimentos, como a quebra de safra de grãos no mercado internacional e a redução das chuvas no país.
Apesar disso, a expectativa do Ipea é que a inflação acumulada em 2018 fique abaixo da meta fixada pelo o governo para o ano, de 4,5%.
O Ipea explica que as altas de alimentos (3,5% no acumulado de 2018) e energia elétrica (14,8%, no mesmo período), dois itens que têm impacto grande impacto entre as famílias de renda mais baixa, reduzem a diferença da inflação entre as famílias mais pobres e mais ricas.
"De janeiro a julho, a taxa de crescimento dos preços de bens e serviços consumidos pelas famílias de renda mais baixa foi de 2,8%, ou seja, apenas 0,4 pontos percentuais menor que a registrada na faixa de maior renda (3,2%)", explica o Ipea.
Os segmentos da sociedade de renda mais elevada, segundo o Ipea, observaram impacto da alta da gasolina (11,0%), mensalidades escolares (5,5%) e planos de saúde (6,9%), itens consumidos, majoritariamente, pelas famílias mais ricas.
O Ipea enxerga que a inflação deve desacelerar na segunda metade deste ano. Com o fim dos aumentos da tarifa de energia elétrica e a estabilização do preço do petróleo no mercado internacional devem reduzir a pressão dos chamados preços administrados, que são aqueles cujos reajustes são definidos por governos.
Fora isso, o modesto crescimento da atividade econômica e a lenta recuperação do mercado de trabalho também poderiam atuar, segundo o Ipea, "como limitador de uma alta de preços mais significativa". Com informações da Folhapress.