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Desde a moratória de 2002 (decretada após uma das mais sérias crises econômicas e sociais da recente história do país), a Argentina ficou sem acesso aos mercados internacionais de crédito. Quando a economia voltou a crescer, em 2003, o pais aproveitou a alta nos preços das commodities (produtos primários com cotação internacional) para juntar dinheiro e honrar seus compromissos. Pagou o que devia ao Fundo Monetário Internacional (FMI) e fez propostas de reestruturação da divida, aceitas por 93% dos credores.
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Apenas 7% - representados pelos fundos que compram dívidas "podres" e tentam cobrar, na Justiça, a totalidade – não aceitaram os descontos propostos, e a briga judicial continua. Mas a questão pendente mais importante era a dívida argentina com o Clube de Paris.
A presidenta Cristina Kirchner queria pagar a totalidade em 2008, mas foi surpreendida pela crise internacional. As negociações foram reiniciadas em 2010, mas não avançavam por questões politicas: o Clube de Paris só aceitava parcelar os pagamentos, se recebesse o sinal verde do FMI. Mas a Argentina não aceita fiscalizações e planos do fundo, por achar que suas propostas de ajustes foram responsáveis pela recessão que levou às crises de 2001, no pais e, mais recentemente, na Europa.
“O governo diz que logrou o acordo para parcelar a dívida com o Clube de Paris, sem passar pelo FMI, mas ainda não ficou claro como isso vai funcionar”, disse, em entrevista à Agência Brasil, o economista Fausto Spotorno. “Seja como for, é positivo. Não apenas porque a Argentina passa a ser considerada um país capaz de honrar seus compromissos, mas, especialmente, porque abre as portas para investimentos estrangeiros”, destacou ele.
Empresas dos 19 países do Clube de Paris, que queriam investir na Argentina, muitas vezes encontravam dificuldades para obter financiamento: os bancos exigiam aval do Clube de Paris para conceder empréstimos. Apesar de a economia argentina ter crescido desde 2003, sem créditos externos, o país precisa de novos investimentos para desenvolver – entre outras coisas – seu setor energético. Por falta de investimentos, o pais produtor e exportador de energia gasta quase todo seu superávit na balança comercial importando combustível.