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Numa tentativa de frear o número de novos casos de câncer de colo uterino, especialistas defendem novas práticas para a detecção precoce da doença no país, que deve acometer cerca de 16 mil mulheres até o fim de 2018, segundo dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca).
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Uma delas é o uso do teste de HPV de alto risco no rastreamento primário dessa neoplasia na rede pública de saúde. O método – capaz de identificar os tipos mais nocivos dos vírus causadores da doença – faz parte da proposta de adequação das ações de rastreamento do câncer de colo uterino, elaborada pela Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), e entregue ao Ministério da Saúde em junho deste ano.
De acordo com o documento, apenas 20% dos casos da doença hoje são diagnosticados no estágio inicial por meio de rastreamento. “Uma das causas que contribuem para a baixa eficiência do diagnóstico precoce é a baixa sensibilidade da citologia (Papanicolau) para detecção de lesões, além da dificuldade de se estabelecer um controle de qualidade deste teste”, explica a ginecologista Neila Speck, professora do Departamento de Ginecologia da Escola Paulista de Medicina (Unifesp). Segundo a especialista, o teste de HPV – que já é oferecido nas clínicas particulares do país – permite um controle de qualidade mais eficiente por ser automatizado, identificando a presença do vírus mesmo em mulheres sem sinais e sintomas da infecção. “O principal benefício desse tipo de exame é o seu alto valor preditivo negativo. Ou seja, um exame negativo praticamente assegura a ausência de lesão por um longo período de tempo”, ressalta Neila.
O dossiê da Febrasgo recomenda o teste de genotipagem para HPV para mulheres de 30 a 64 anos, com intervalo de 5 anos para aquelas que apresentarem resultado negativo. Se o exame der positivo, a recomendação é que a paciente seja encaminhada para a colposcopia quando a positividade for para os tipos 16 e 18; se a positividade for para os outros tipos de HPV de alto risco, realiza-se o Papanicolau, que se alterado, a mulher necessita complementar o diagnóstico com a colposcopia.
O exame foi incluído na primeira Lista de Diagnósticos Essenciais, divulgada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) neste ano. O catálogo traz 55 testes para a detecção, diagnóstico e monitoramento de doenças prioritárias, dentre elas, a infecção pelo HPV.
Sobre o câncer de colo de útero
A doença é um tipo de tumor maligno que ocorre na parte inferior do útero, região também conhecida como cérvix. Em estágios avançados, pode comprometer outros órgãos, como a bexiga, o reto, a vagina, comprimir os ureteres e levar à morte por insuficiência renal.
Esse tipo de câncer é o terceiro mais frequente entre as mulheres no Brasil - ficando atrás apenas dos cânceres de mama e de cólon e reto - e o quarto que mais mata. Segundo dados do Inca, a mortalidade pode chegar a 5 casos em 100 mil ao ano.
Causado pelo papilomavírus humano (HPV) em 99% dos casos, a doença é um dos poucos tipos de câncer que pode ser prevenido, com vacina, rastreio com teste de HPV e tratamento de lesões precursoras.
Ir ao médico e manter os exames ginecológicos em dia é fundamental para evitar a neoplasia. “Quando as alterações que antecedem o câncer são identificadas e tratadas, é possível prevenir a doença em quase 100% dos casos”, alerta Neila Speck.